domingo, maio 26, 2013

Coração sorridente

Quando eu era jovem cronologicamente (continuo sendo porque os anos vividos não me roubaram a juventude, a juventude é estado de espírito), eu lia semanalmente Seleções. Essa revista era ótima e deve ser ainda uma revista muito especial porque sempre trouxe artigos valiosíssimos. A leitura sempre fez parte dos meus dias, talvez até me atreva a escrever motivado por esse fantástico aprendizado. Recordo-me que um dia li um artigo que falava do coração do João. Não tenho na memória, no momento, o autor, mas ele queria falar sobre os problemas físicos do coração do João, com certeza, nome emprestado de algum amigo seu que representava o universo de todas as pessoas e aproveitou muito bem aquele espaço da mídia que sempre teve grande repercussão. Era um artigo muito curioso. Falava dos problemas que o João poderia ter com aquele órgão muscular que recebe e bombeia o sangue do corpo em contrações ritmadas. O comentário do articulista era sobre doenças cardiovasculares. Alertava sobre doenças das artérias coronárias, dos ataques cardíacos, anginas, aneurismas, arritmias, doenças cardíacas congênitas, entre outras. O artigo era muito oportuno porque naquela época pouco se constatava óbitos por deficiências cardiológicas. Todos que partiam o faziam de repente. Todos que morriam as causas sempre eram o “de repente”. Confesso que tive medo dessa doença. Mas não é no sentido fisiológico que quero falar do coração do João. Quero falar no sentido humanitário. O João de que falo é da mesma árvore genealógica que a minha. Ele é uma criatura ímpar. Aonde chega enriquece o ambiente. Parece que Deus quando pensou em dar-lhe o sopro da vida assobiou uma melodia junto com o sopro. Por isso saiu esse João que é orgulho dos amigos, da família e de quem tem a oportunidade de conhecê-lo. Nasceu de família média baixa porque o pai sempre precisou de trabalho para sustentar seus outros quatro filhos. Todos têm seus méritos como pessoas, mas o João tem coração diferente. O coração dele não é feito de músculo apenas, tem essência de alegria dentro. Corações alegres são sempre corações grandes, cheios de gentileza e sabedoria. A sabedoria é fruto de luz interior e isso o João tem de sobra. Tenho certeza que o coração das pessoas é o lugar onde Deus habita, onde o Céu e a Terra se tocam. Mas também acho que em certos corações Deus mora mais tempo. Nesses corações que têm a porta aberta e sem chave, Ele reluta mais em sair porque Se sente em lugar privilegiado. O coração do João é assim. O João do qual falo tem sobrenome, tem família, tem filhos e netos, que com certeza todos têm orgulho desse pai, esposo, irmão, tio, primo, e que eu tenho o privilégio de estar entre eles. Ah, o João foi levado a pia batismal pela minha saudosa madrinha com o nome de João Ruiz Tagliari.

terça-feira, maio 21, 2013

A melhor resposta

Sempre quando ouço as pessoas dialogarem ou discutirem determinados assuntos, percebo consequências interessantes. Observo a ordem das respostas e chego à conclusão que, das cinco respostas dadas por elas a última me pareceu a melhor. A primeira resposta que damos quando discutimos os mais diversos assuntos é a pior, tenha certeza disso. Não dá tempo de refletir. Falamos exatamente o que não deveríamos ter dito. E na maioria das vezes nos arrependemos depois. É uma pena que isso aconteça, embora não raramente acontece. A segunda resposta, infelizmente, também não tem sido a correta. Traz resquícios de imaturidade e não é a melhor. Vem recheada de arrogância e infantilidade desnecessárias. A terceira resposta tem nos parecido mais razoável. É despida de maldade e tem recheios de coerência. Das três, sem dúvida, é a mais louvável. A quarta resposta é mais salutar que todas as três primeiras. Essa tem sabedoria e é escassa de orgulho, de insatisfação, de superioridade e de desrespeito. Mas, por incrível que pareça a quinta é ainda a melhor de todas. Nessa você não erra, não ofende, não deprecia, não ignora, não desacata, não aborrece, não menospreza e não insulta. Essa resposta tem ausência de palavras. É dada com gesto de boca fechada. Nessa você não fala, você se cala, mas é a única que você diz muito. Ela dá lição de humildade e de respeito. É essa a resposta que muitas vezes o amigo espera. É nessa resposta que tudo fica mais claro. As melhores soluções são aquelas que saem em silêncio do nosso coração e aquece com ternura o coração dos que realmente precisam de acalentos. O vocabulário de quem ama é pequeno e muito restrito porque sua melhor expressão é o silêncio. Um dos grandes aprendizados na vida das pessoas é quando ela percebe que um novo passo precisa ser dado para frente ou para trás, dependendo da ocasião. Avançar ou recuar são atitudes dignas. Calar ou falar, na hora certa, são atitudes santas. Martin Luther King (1929-1968) foi um pastor protestante e ativista político estadunidense que se tornou um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo. Numa campanha de não violência e de amor ao próximo disse ele um dia: “no final não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos”. Creio que deva ter dito que o silêncio dos amigos foi fundamental para que compreendesse a certeza de sua luta. Não menos importante e implacável foi a célebre frase de Albert Einstein: “Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – e eis que a verdade se me revela”.

sexta-feira, maio 10, 2013

A Mãe que eu queria ter

Isso mesmo que você leu. Eu queria uma mãe só para mim. Que desde o dia que eu nascesse me amparasse como fazem os irracionais. Defendem suas crias como se fossem as únicas coisas que o mundo lhes dera. Eu queria, assim que tivesse nascido ter sido embalado junto ao peito da minha mãe, bem perto do coração dela para sentir que seus batimentos também eram meus. Eu queria que minha mãe fosse uma mulher guerreira para me defender com unhas e dentes quando alguém, por motivos diversos, me fizesse ou me desejasse mal. Eu queria uma mãe que fosse brava comigo quando eu praticasse travessuras e até me desse uns bofetes para eu saber que certas coisas não se deve fazer. Eu queria uma mãe que fosse à escola toda vez que imaginasse que eu pudesse estar dando trabalho aos mestres. Eu sempre sonhei com uma mãe que me levasse passear nos dias de frio para tomar aquele sol quentinho que todo mundo deseja nesses dias. Eu queria uma mãe que apoiasse meu pai quando ele ficasse bravo comigo por causa das minhas travessuras. Eu queria uma mãe que ficasse me perguntando se eu fiz as tarefas de escola que a professora passou ontem. Que tivesse contato com a minha professora toda semana para saber sempre como eu estava me comportando em sala de aula. Eu queria uma mãe que me comprasse aquela queijadinha deliciosa que tem nas padarias expostas em balcões e vitrines que deixa a gente com água na boca. Eu queria uma mãe que fosse desconfiada das coisas que eu falo porque nem sempre eu falo a verdade. Tem vez que eu tento falar o que não aconteceu para iludir meu pai ou as pessoas com quem me relaciono. Eu queria uma mãe que ficasse me perguntando quem são meus amigos e amigas, porque sempre tem algum deles que não serve para fazer parte da minha turma. Eu queria uma mãe bastante severa comigo, mas que fosse dócil e meiga quando me acariciasse. Eu queria uma mãe que não fosse exagerada na sua forma de vestir, que soubesse que as pessoas reparam grandes decotes e vestidos muito acima dos joelhos. Eu queria uma mãe que nunca usasse roupas transparentes porque meus colegas falam muito quando vêm essas coisas. Eu queria uma mãe que não gritasse comigo quando fosse me dar uma lição, que não fizesse alarde só para que os outros vejam que ela é austera. Eu queria uma mãe que se chamasse Maria. Não sei o porquê disso, mas sei que esse nome é bastante forte e muita gente diz que reza para Maria. Mas eu vou te confessar uma coisa: esse foi o seu nome e essa foi a minha Mãe. Felizmente ela nunca usou decotes, roupas curtas e transparentes. Mãe, onde você possa estar neste momento, te rendo minhas homenagens e o maior amor deste mundo. Pena que ficamos tão pouco tempo juntos. Você foi embora, mas eu fiquei aqui para render, na sua falta, homenagens a todas as outras mães, que assim como você, merecem o carinho dos filhos.

sexta-feira, maio 03, 2013

Leitura, a magia do conhecimento

Longe, muito longe das lantejoulas e da impaciência de eventos sociais disfarçados de festivais de literatura ou de feiras de negócios de toda ordem, nossa cidade vive um momento mágico. A maioria de seu povo está empenhada num evento literário sério que começou dia 30 de abril e deve ser encerrado no dia 10 de maio. Duas pessoas são merecedoras da brilhante ideia: Cibele e Eliane. A vocês, Votuporanga ficará em débito por toda sua história. Nossa cidade até já teve pretensões em tempos passados de ser rotulada como capital da educação, mas ainda não convencemos. Isso será um trabalho de toda a sociedade e não apenas de poucos. Mas, recomecemos o embate com um ‘ajudante’ destemido e sério na busca dessa realidade, o nosso prefeito. Na multidão do evento, com certeza, batalhões de professores de origem simples, acompanhados de crianças também simples e de carência avolumada, pela primeira vez na vida se sentem frente a frente com renomados escritores, jornalistas e pessoas da área acadêmica. Não se observa luxuosidade, a não ser a luminosidade do descobrimento. A grande personalidade incentivadora, sem nenhuma dúvida é Júnior Marão, o prefeito que nunca se amedronta na busca do que é cívico, salutar e progressista. Esse menino é corajoso e batalhador. É lógico, que precisa sempre policiar seus arredores, porque suas pretensões nem sempre serão comungadas pelos que o acompanham. Em todos os assentos de cadeiras em mesas de reuniões é possível que alguma alma possua resquícios iscarióticos e disso é preciso tomar cuidado. Nunca perde quem se previne, saibam disso. O evento que acontece nesta cidade em pró da literatura é algo exuberante e promissor. “Nós somos o que lemos e o que deixamos de ler”, essa verdade já foi dita. Para que possamos ser realmente uma cidade que represente de fato a educação é imprescindível que incentivemos nossas crianças a ler. Mais que isso, precisamos criar mecanismos para que os pais e os avós em programas especiais possam participar desse processo, adentrando salas de aulas a convite de professores e dirigentes para contar suas histórias de vida e de sucesso pelo que leram e estudaram em suas vidas. A criança precisa ouvir e sentir que o conhecimento será a estrada que realizará suas esperanças. A criança precisa descobrir, através dos livros, que existe sim, outra realidade possível e que todos podem ter acesso a ela. A leitura é um encantamento. Assim, quando nascem as crianças, elas já iniciam suas trajetórias de leituras observando os objetos com os olhos. A mamadeira ou o peito materno já lhes traz o primeiro sorriso, porque acabou de ler com seus olhos a satisfação e o prazer da delícia do alimento que lhe virá à boca. Os pais devem desenvolver nos filhos o prazer da leitura todos os dias. Peçam para eles para que leiam suas receitas de bolo quando se propõem a fazê-lo. Peçam a eles para realizarem leituras de manchetes jornalísticas explicando-lhes seus conteúdos, verdades ou mentiras, ilusões de óticas que elas trazem. Ensine-os a filtrarem informações não fundamentadas, mesmo que sejam de jornais antigos, isso não importa. Peçam que lhes explique como se nada tivesse entendido. A criança precisa ser despertada para o prazer da leitura. Peçam a seus filhos que façam leituras de textos bíblicos da sua religiosidade, eles ficarão alucinados com palavras que irão ouvir de seus lábios e nunca souberam de onde vinham. É hora de vocês os educarem religiosamente, mas não sufoquem suas mentes infantis. A leitura tem essa magia. Ajuda os pais a se aproximarem de seus filhos. A escola precisa ajudar os pais nesse processo de engajamento à leitura. Os pais necessitam de ajudar às escolas, os professores, aliás, são eles que realmente podem mudar trajetórias inadequadas. Há pouco tempo editei um livro. Fiz 700 exemplares, distribui quase todos, não vendi nenhum exemplar, o fiz pelo simples prazer de ter colaborado com a leitura de muitos amigos, leitores do jornal A Cidade. Sou eternamente grato aos amigos que compareceram no lançamento, inclusive do ilustre prefeito. Senhor Júnior Marão, através da sua Secretaria da Educação incremente esse evento cada vez mais, faça da nossa cidade um exemplo a ser seguido na área educacional, assim como o é em outras áreas. Faça de seu povo o orgulho do seu governo.