terça-feira, dezembro 24, 2013

Desejos no Natal

Neste Natal, eu quero ver nas pessoas a vida, não quero gente sofrida e nem famílias divididas; Neste Natal, eu quero Cristo ressuscitado, não quero vê-Lo crucificado, eu quero das pessoas os sonhos realizados; Neste Natal, eu quero ter na justiça a crença, não quero que a mentira vença, eu quero uma verdade em cada sentença; Neste Natal, eu quero criança com vida, não quero a juventude perdida, pela droga, fumo ou pela bebida; Neste Natal, eu quero a escola ensinando, não quero o professor enganando, eu quero o responsável educando; Neste Natal, eu quero de férias o crime, não quero ver luxo em vitrine, eu quero uma paz mais sublime. Neste Natal, eu quero presença na casa do sofredor, não quero discurso enganador, eu quero que na casa do necessitado esteja presente o padre, o bispo ou o pastor; Neste Natal, eu quero ver um mundo novo, quero o pregador sentado à mesa do pobre, comendo com ele: arroz, feijão e ovo; Neste Natal, eu quero o ancião mais amado, não quero o asilo lotado, eu quero o idoso respeitado; Neste Natal, eu quero a honestidade valendo, não quero a corrupção se estendendo, eu quero ver a justiça vencendo; Neste Natal, eu quero notícia boa em jornal, não quero movimento em hospital, quero o bem e não quero o mal; Neste Natal, eu quero dos governantes a honestidade, não quero a tirania da falsidade, quero a presença da responsabilidade; Neste Natal, eu quero na vida a igualdade, não quero da tristeza saudade, eu quero do homem a lealdade; Neste Natal, eu quero o trânsito respeitado, não quero desastre consumado, eu quero o responsável apenado; Neste Natal, quero o valor do recuperado, não quero ninguém marginalizado, eu quero para todos emprego oficializado; Neste Natal, eu quero a promessa cumprida, não quero a desculpa servida, eu quero a seriedade prometida; Neste Natal, quero na mesa alimento sobrando, não quero na mesa alimento faltando, eu quero as pessoas verdadeiramente se amando. Neste Natal, eu quero nascer de novo, você também precisa nascer de novo, o mundo precisa nascer de novo, só assim chegaremos à tão sonhada felicidade de um povo.

A todos os formandos

Espera-se que a educação por todos recebida na escola onde estudam tão somente engrandeça aquela que vem do berço, porque cada um de vocês é uma caixa de ressonância das expectativas da sociedade. Por isso, a glória que receberam vem totalmente encharcada de responsabilidades. A vida é um jogo e todos estão dentro dele. Caros formandos de todas as profissões, o sucesso não qualifica você melhor que o outro, apenas te põe ao lado dos vencedores. O crescimento será sempre opção sua. Nós não paramos de jogar porque ficamos velhos; nós nos tornamos velhos porque paramos de jogar. A tarefa que vos aguarda na profissão que buscou é intensa. A nação brasileira é riquíssima, mas ainda a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político tem gerado queda generalizada no padrão de vida do brasileiro. A informação dos governos não é essa, mas essa é a verdade. Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não consegue viver como gente. Mundo às escondidas não existe mais. A informação veste hoje o homem de amanhã e não há mais interior ou sertão entre os povos. De qualquer lugar do planeta, graças à evolução do saber é possível enxergar o mundo. O comércio eletrônico e a facilidade da logística levam as empresas a dominar os mercados do mundo todo. Não estamos mais competindo somente com brasileiros, competimos com o resto do mundo e em todos os sentidos. Se não fizermos um grande esforço para acompanhar a mudança, viraremos fósseis num passe de mágica. O grande desafio para as empresas está no seu patrimônio humano, que passou a ser um grande diferencial dos negócios nos dias de hoje. O processo de gestão não faz nada nascer grande, tampouco oferece grandes coisas, do contrário, só começa com coisas pequenas todos os dias, que com bom senso faremos delas grandes realizações. Nenhum colaborador sozinho de qualquer companhia será tão bom como quando todos estiverem juntos. Saibam vocês, que quando tiverdes todas as respostas, a vida num passe de mágica, mudará todas as perguntas. Por isso, a tarefa de aprender será sempre ilimitada. Não pautem suas vidas, nem suas carreiras, somente pelo dinheiro. Persigam fazer o melhor. Sejam fascinados pelo realizar, que o fator econômico virá como consequência. Quem pensa só em dinheiro não consegue nem sequer ser um grande bandido. A satisfação que desfrutam agora e a alegria que envolveu suas famílias apagam todas as dificuldades vividas nesses tempos de estudos e sacrifícios. Faça, erre, tente, falhe, lute, mas não jogue fora a extraordinária oportunidade de ter lutado. Você é terra preparada, só falta cair a semente. Tenha consciência de que todo ser humano foi feito para fazer história. Que toda criatura é um milagre e traz em si uma revolução. Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhar sempre, com invólucros de interrogações numa das mãos e uma caixa de possibilidades na outra.

Mandela - orgulho de todas as raças

Você já conheceu um anjo ao vivo? Eu nunca tive essa felicidade. Olhos que veem anjos são olhos especiais, isso só é graça de deuses e não são todos que possuem essa santa habilidade. Mas eu gostaria muito de poder vê-los. Mas a virtude perceptiva, às vezes, me dá o poder de reconhecer, mesmo não vendo esses seres espirituais que segundo algumas religiões servem de mensageiros divinos, esse ser cordato e bondoso que pratica atos de pura humanização. Esta semana um deles arregimentou seus pertences e partiu para o Olimpo, local onde moram outros anjos de mesma conduta. Claro que estamos falando do fenômeno da coragem e da fé, Rolihlahla Mandela. Um tesouro perdido como bem disse uma expressiva autoridade política dos Estados Unidos. Nascido no dia l8 de julho de 1918 em Cabo Oriental na África do Sul, apelidado de Nelson pelos ingleses. Fundador da Liga Jovem do Congresso Nacional Africano e processado em 1952 de acordo com a Lei da Supressão do Comunismo, do governo apartheid sul-africano. O apartheid na língua sul-africana significa ‘vidas separadas’, regime segregacionista que negava aos negros os direitos sociais, econômicos e políticos. Embora a maioria da população fosse constituída de negros, a segregação vinha se mantendo na África do Sul desde o século 17, época em que a região foi colonizada por ingleses e holandeses. O governo era controlado pelos brancos, que criavam leis e governavam apenas para seus interesses. Ainda estudante de Direito, Mandela começou sua luta contra o regime do apartheid. Em 1962 deixa seu país e recebe treinamento militar em Marrocos e na Etiópia. De volta a sua terra, África do Sul, foi preso e condenado a 5 anos por incitar revoltas. No cumprimento de sua sentença foi novamente acusado de conspiração e condenado à prisão perpétua. Dia 11 de fevereiro de 1990 foi libertado. Em 1993 ganhou o tão importante Prêmio Nobel da Paz. No ano de 1994 vota pela primeira vez na vida e toma posse como primeiro ministro negro da África do Sul. Em 2006 recebe o prêmio dos Direitos Humanos da Anistia Internacional. Nesta semana, aos 95 anos morre em Johannesburgo essa ímpar criatura que lutou contra os ingleses por toda sua vida pelos direitos negados ao povo da raça negra. Foi o anjo da guarda da comunidade negra. Mandela foi um guerreiro na luta pela liberdade e o representante principal do movimento antiapartheid, tornando-se um homem do povo e um líder político na melhor expressão da palavra, mas isso lhe dava também a pecha de terrorista pelo governo sul-africano. Quando ainda eu era menino, recordo-me com perfeição, a minha professora em sala de aula pediu para que eu fizesse uma narração. Naquela época eu pouco entendia sobre o que ia fazer, mas o tempo me ensinou seu verdadeiro significado. Narrar é o processo que resulta falar ou escrever uma história real ou fictícia. É um comentário que explica ou discerne imagens ou acontecimentos presentes em obra de natureza documentária ou de ficção. Pois então, ela colocou pendurado ao quadro negro uma folhinha bastante comovente em que um menino e uma menina, irmãozinhos, pés descalços, pelas trilhas da floresta, sem nenhuma companhia, propunham-se a atravessar uma frágil pinguela sobre um abismo com toda facilidade para cair. Mas não havia razões para temer porque eram protegidas por um anjo de beleza incomparável, de brancas e enormes asas. Com essas imagens em paredes de casa, os pais poderiam dormir tranquilos porque estava lá um Anjo da Guarda a proteger as crianças por todo o tempo. Pois é, foi exatamente isso que fez por toda sua vida Nelson Mandela com o seu admirável povo negro. Protegeu-os e os salvou das garras desumanizadas do preconceito. Que Deus o tenha.

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Saudade é o amor que fica quando a gente não está mais aqui

Se quiséssemos definir a palavra saudade diríamos que é uma ponte que traz o passado de volta. É uma manifestação do coração pedindo à mente que traga de novo uma imagem arquivada no tempo. A saudade nos leva ao antes e nos devolve momentos de prazer parados em algum lugar do passado, aguardando o exato instante que a memória lhes traga de volta. Ela não nos traz momentos tristes, porque isso não é de sua competência. Quem nos traz momentos de angústia é a lembrança, mas essa a gente põe para dormir. Felizmente são poucos esses instantes. A mente, em benefício da alma, procura apagar os momentos de inconveniência difíceis de esquecer, mas nem por isso deixam de ser apagados. E como é difícil relembrar coisas tristes. O ente perdido, o amigo distante, a doença imprevista, a separação inesperada, não são coisas fáceis de olvidar. O vocábulo saudade tem uma singularidade: é praticamente utilizado somente na língua portuguesa, não tendo tradução para nenhuma outra língua. Dizem os estudiosos que ele nasceu no período dos descobrimentos e definia a solidão que os portugueses sentiam quando estavam no Brasil, de sua terra e dos seus familiares. Aqui, eles eram atacados por um estado melancólico profundo por se sentirem sós e tão distantes. Quando a saudade chega é porque o tempo já se foi, deixando um sentimento muito grande de pessoas ou coisas que nos fizeram feliz. A saudade ocupa um espaço vazio dentro de cada um, simbolizando ausência de alguma coisa e da intensa vontade de revivê-la. A vida, esse presente divino não desperdiçável, é uma fábrica de momentos que envelhecem aos poucos e se transformam em produtos rotulados e embalados com a marca saudade. Como é bom sentir saudades. Quanta vontade eu sinto de reviver as minhas primeiras palavras, os meus primeiros passos, o meu primeiro brinquedo, meu primeiro dia de aula e da vez primeira que entendi o significado de pai e mãe. Essas criaturas indecifráveis que nos acompanham desde o nascimento até que a própria vida termine. Uma menina de apenas 11 anos de idade, em fase terminal de câncer respondeu quando seu médico lhe perguntou “qual a definição de saudade?”. - “Saudade é o amor que fica quando a gente não está mais aqui”.

A palavra certa

O vocábulo “não”, advérbio, significa uma negativa. Quem diz não, manifesta sua vontade a quem o ouve sobre o não querer alguma coisa ou não estar disposto a aceitar alguma condição. Vezes sim, vezes não, esse monossilábico nos alegra muito pela certeza que temos de não aceitarmos o que não queremos e nem por isso nos deixa de entristecer por algumas vezes. O som dessa palavra é muito parecido nos mais diversos idiomas. Com certeza, é um vocábulo milenar que traduz a mesma vontade. É uma palavra forte que às vezes nos leva a lágrimas, mesmo quando nem precisamos pronunciá-la, basta que balancemos a cabeça em sentidos laterais. A sua pronúncia expõe questões que nos faz refletir as múltiplas faces da palavra, atributo humano por excelência e recurso que se aprende e se aprimora ao longo da vida. Observe o texto bíblico: “A caridade não tem inveja e não é orgulhosa. Não é arrogante. Não é escandalosa. Não busca os seus próprios interesses. Não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça”. Esse texto explicita uma das mil faces do vocábulo “não”. Percebe você que as afirmações desse ‘não’ nunca ultrapassa os limites do inconveniente contrariando o sim que milenarmente tem a função do desejável e do melhor. Em algumas ocasiões a palavra ‘não’ acaba por ficar contida na garganta por determinado tempo e com ela sufocamos a ternura, a paciência, o riso e o encanto. Durante nossas vidas, por infindas oportunidades acabamos por pronunciá-la demasiadamente, dia após dia, quase todas as horas, não imaginando seus reflexos e seus desagravos com quem nos ouve. Dificilmente levamos em conta que o sim em lugar do não poderia ser motivo da aproximação de um novo amigo. Vez por outra, recusamos. A palavra, seja qual for, precisa ter valor. Não, não significa um simples conjunto de sons ou caracteres. Toda palavra dita precisa traduzir sentimentos positivistas que agrade aos outros, por isso é preciso refletir muito quando se fala aquilo que está preso na garganta esperando o momento certo de sair. Todos nós possuímos assim uma palavra escondida. A minha palavra guardada é o “sim”, mas confesso que numa ocasião eu disse “não” quando eu poderia ter dito sim. Uma pessoa que durante uma relação de trabalho me disse ‘não’ quando deveria ter dito ‘sim’, me magoou muito. Esperei o tempo passar para que eu pudesse refletir os fatos. O tempo passou e a oportunidade chegou. Num encontro casual do cotidiano, quando essa pessoa me viu, perguntou: - posso falar com você? Com certeza queria justificar o injustificável. Eu disse ‘não’, devolvendo-lhe o presente guardado na garganta a sete chaves. Não me contive, era o momento exato de devolver-lhe a mesma palavra, embora o meu coração me pedisse “sim”. Seja qual momento for, quando chega a hora exata, a palavra antes não dita, se torna a palavra certa.

De portas abertas

Nos meus tempos de criança as coisas me pareciam mais justas. Não que hoje não tenha coisas justas. Mas agora me parece um pouco diferente. Recordo-me que quando passava frente a qualquer tipo de templo religioso ele se mantinha de portas abertas dia e noite. Como é triste ver hoje que as portas das igrejas não estão abertas o tempo todo. Fecham-se as portas, fecham-se as graças. Será que pessoas fariam algo inconveniente dentro dos templos? Será que alguém inescrupulosamente levaria objetos de valor de dentro deles? Até pode ser que isso aconteça. Os templos se restringem a pedras, madeiras e alguns com imagens. Duvido que alguém se atrevesse a levar um banco de encosto ou uma imagem para sua casa! Exceto os excêntricos e os lunáticos. Mas, é certo que de um povo não esclarecido tudo pode acontecer. Objetos de valor necessitam ser guardados em lugares apropriados onde curiosos e inconsequentes deles não se apoderem. Será que a Igreja de portas fechadas foi a sonhada por Cristo? Não creio. A Sua Igreja não tinha portas. Era ao ar livre e as pedras que tinham serviam de bancos, onde as pessoas se aglomeravam para ouvir a santa palavra. Mas eu não consigo admitir também que essas pessoas deficientes e portadoras de todo tipo de delinquência não sejam filhos de Deus. Somos culpados pelo tipo de educação recebido por elas. Desperdiçávamos o dinheiro em favor do luxo e da ousadia enquanto essas crianças tornavam-se adultos. A sociedade culta é responsável pela delinquência distribuída de portas fechadas. As Igrejas (todas) arrecadam dízimos e doações, portanto devem criar mecanismos para que seus templos jamais cerrem as suas portas. As repartições públicas têm policiamento de guarda. Por que as Igrejas também não o possuem? Aliás, Igreja que se propõe a fazer caridade deveria ser construída sem portas, assim não teria o direito de não acolher na hora que realmente precisa o desafortunado. Mas não é só a Igreja que precisa deixar suas portas abertas não. As pessoas de forma geral precisam aprender a deixar seus corações abertos aos que dele precisam. Não há neste mundo nenhum coração tão perfeito que não necessite de impulsos para continuar batendo. De portas abertas é preciso não deixar que os olhos se fechem contra a bárbara exploração de menores, de imigrantes sem papéis de trabalho e explorados à margem de toda legislação. Nem mesmo a tão aclamada justiça se pressupõe aberta, por vezes vendida de olhos esbugalhados face à obediência de poderes, deixando claro seu não cumprimento do papel digno para o qual foi criada. Que deixe também suas portas abertas para quem dela necessite sem determinação de hora e lugar. Por que você perde seu bom humor, quanto te faço um questionamento, perguntou o pai a sua pequena filha, que chegava 15 minutos mais tarde da hora marcada para o jantar. Sua mãe tentava acalmar o nervoso pai enquanto pedia explicações sobre o que tinha acontecido. A menina respondeu que tinha parado para ajudar sua amiguinha, porque ela tinha levado um tombo e sua bicicleta tinha se quebrado. - E desde quando você sabe consertar bicicletas? – perguntou a mãe. - Eu não sei consertar bicicletas! – Disse a menina. - Eu só parei para ajudá-la a chorar. Poucos sabem consertar bicicletas. Mas quando nossos amigos caem e quebram, não as suas bicicletas, mas suas vidas, talvez poucas vezes tenhamos a capacidade de ajudá-los a consertá-las. Mas como a menina, nós podemos parar para ajudá-los a chorar, se isso é o melhor que nós podemos fazer. E isso significa que nossas portas estão abertas a quem delas precisem, em qualquer lugar e a qualquer hora. Pouco mais que isso será preciso.

domingo, novembro 17, 2013

Nascemos humanos, mas não humanizados

Podemos realizar milagres usando a fé como instrumento, mas não podemos nunca nos esquecer de que somos pouco humanos. Da forma como temos vivido jamais seremos chamados de humanos de forma discreta. A Humanidade tem perdido o equilíbrio sobre todos os tipos de vida e com isso tem mudado todos os nossos valores. Explora-se a pobreza e a isso chamam de sorte. Matam-se os filhos que ainda não nasceram e a isso chamam de livre escolha. Recompensa-se a preguiça e a isso apelidam de ajuda social. Executam-se os condenados e a isso chamam de justiça. Negligenciam-se com a criação dos filhos e a isso chamam de autoestima. Abusam de qualquer tipo de poder e a isso chamam de política. Cobiçam os bens dos semelhantes e a isso chamam de ambição. Contaminam todo tipo de mídia e a isso chamam de liberdade de expressão. Ridicularizam os valores estabelecidos nos tempos de ontem e a isso chamam de obsoleto. E depois dizem que somos humanos. Estamos mais para animais que usam o raciocínio a serviço do nada do que para qualquer outra coisa que algo signifique. É um estado desalentador e é preciso que urgente tomemos novos rumos e que nos tornemos humanos por todo o tempo. Bons exemplos precisam ser repetidos todos os dias. Não podemos ensinar aos filhos atitudes que no futuro lhes serão indesejáveis. Não raramente, aprendemos muito com quem pouco ou nada sabe, porque o repudiável ainda não foi sedimentado. Vou reconstruir, na minha ótica, uma história lida não me recordo quando, muito interessante. Não conheço do autor, mas a ele peço licença. Conto a você para que também reflita assim como o fiz. Uma menina entre seis e sete aninhos foi para o seu quarto pegar no fundo de um criado-mudo, com seu verniz desgastado pelo tempo, um vidro parecido com esses de maionese, arrancando de dentro dele algumas míseras moedas. Contou uma a uma, com muito cuidado porque a matemática ainda não havia se incorporado ao seu pequeno saber. Encheu sua pequena mãozinha com elas e saiu pela porta dos fundos em direção a uma farmácia de seu bairro. Aguardou ansiosamente a paciência do farmacêutico a lhe dirigir a palavra, porque no momento conversava com alguém ao telefone. A garotinha impaciente tossiu por mais de uma vez para chamar a atenção do velho senhor. Por fim, espalhou no balcão seis moedinhas de cinco centavos e com uma delas bateu no vidro onde se apoiava. - O que você quer? Perguntou o farmacêutico. - Bem, eu queria falar com o senhor sobre o meu irmão, respondeu a menina. Ele está muito doente, mas doente mesmo e eu vim aqui comprar um milagre. O farmacêutico estatelou os olhos e perplexo respondeu: Garotinha, nós não vendemos milagres aqui. Sinto muito, não creio que eu possa ajudá-la. - Eu tenho dinheiro aqui e se ele não der para pagar eu vou ver se ficou mais alguma moeda no meu cofrinho de vidro, retrucou a menina. Um senhor bem trajado que ouvia o diálogo, abaixou-se e perguntou à menina. - Que tipo de milagre seu irmão está precisando? - Não sei, respondeu ela. Só sei que ele está muito doente e a minha mãe disse que ele precisa fazer uma cirurgia, mas o meu pai é pobre e não tem como pagar, então eu queria usar o meu dinheiro. - Quanto você tem? Perguntou o senhor. A menina pediu para que ele se abaixasse e lhe falou aos ouvidos. Eu tenho trinta centavos de dinheiro, olhe aqui, mas eu posso buscar mais duas moedinhas que ficaram no meu cofrinho. Não tenho mais nada. - Mas que coincidência! Disse o senhor sorrindo. É exatamente esse o preço de um milagre para irmãozinhos. Pegando o dinheiro com uma das mãos e com a outra, a mão da menininha disse: Mostre-me onde você mora porque quero ver o seu irmão e conversar com os seus pais. Vamos ver se tenho o tipo de milagre que você precisa. Aquele elegante senhor era um dos maiores profissionais da medicina no campo da neurocirurgia. Operou e restabeleceu a saúde do menino sem nenhuma despesa para seus pais. Quando o menino voltou do hospital sua mãe fazia comentários em tom de alegria: - Aquela operação foi um milagre. Quanto será que custaria? - Trinta centavos respondeu sorridente a garotinha, mostrando-se alegre ao participar da conversa. Que história magnífica de amor ao próximo. É preciso agir de forma semelhante para que possamos nos sentir humanizados. Praticando ações solidárias dessa natureza copiadas de quem ainda não se desumanizou por nenhuma influência de ganância, ou qualquer outra nefasta alternância de comportamento é que poderemos construir um mundo melhor, nascendo humano e se mantendo humanizado por todos os dias de nossas vidas.

sexta-feira, novembro 08, 2013

Os desígnios de cada um

Certa vez, retornava eu de uma caminhada rumo ao meu lar e ao passar frente ao local de trabalho de um amigo resolvi visitá-lo. Esse é amigo mesmo, não apenas um conhecido. Entrei em seu mundo de labor e lá estava ele, sentado em sua cadeira de rotina, pensativo, debruçado em sua mesa de todos os dias. Cumprimentei-o como sempre e de pronto vi nos seus olhos uma tristeza infinita. Removi uma cadeira e me sentei. Puxei assunto, como de costume as pessoas de bem o faz quando se encontram. Pouco reagiu. Não me pareceu que a felicidade estava à flor de sua pele naquele momento. Tentei fazer comentários sobre negócios, banalidades e rotinas e ele não acompanhou. Preferiu ficar abraçado aos pensamentos que o vinha incomodando. Num dado momento, pediu meu telefone e de imediato inseriu o meu número em sua lista de chamadas. Abriu o peito e disse: outro dia me senti tão desolado e triste, sem saber o que fazer. Saí por aí com o carro sem rumo, sem saber por onde passar e nem para onde ir. Triste, me sentia como a insignificância diante de problemas intermináveis que tenho tido. Precisava falar com um amigo, urgente. Recorri a minha lista de chamadas onde se encontram mais de duzentos números agendados e não consegui elencar apenas um que pudesse me dar uma palavra amiga naquele momento. Lembrei-me de você, mas não tinha o seu telefone. Confesso que ao ouvi-lo choramos juntos. Meus olhos copiavam as lágrimas que saiam dos olhos dele. Naquele momento disse-me ele: “Por que será que Deus está me provando tanto? O que será que fiz pra Ele?” Há pouco tempo, você se lembra, dizia ele, entrei numa depressão enorme e ultimamente minha companheira passou por problemas de saúde, mas já está bem. Meu filho não é o melhor aluno da sala onde estuda. Em seguida, sem que ele pudesse respirar pos mais de três vezes, eu lhe disse: Você foi o melhor aluno da sua turma? Não, respondeu ele. Por que será que queremos que os nossos filhos sejam os melhores? Será que isso é o sucesso garantido? Claro que não. Nossos filhos devem ser bem educados, orientados, polidos, com exemplos e não somente com palavras. Gritos não resolvem. Do contrário, extrapolam nossas mensagens instrutivas. Meu querido e estimado amigo, a vida ainda é uma terra que ninguém pisou verdadeiramente, exceto Cristo. Por mais que os anos nos amoldem, por mais que a sabedoria nos achegue à porta, persistirá a incógnita dos nossos caminhos. Nosso tempo neste sagrado chão é bem curto. Enquanto uns chegam outros partem sem que se encontrem. É como o navio que avistamos mar afora, sumindo dos nossos olhos, diminuindo cada vez mais e se perdendo no horizonte, enquanto outros o enxergam chegando e aos poucos aumentando. É essa a nossa existência. Por mais que queiramos entender o significado de tudo não conseguiremos. Alguns pensam entender, mas é pura ilusão. O mistério ficou por conta das crenças que na sua grande maioria ainda o deturpa. Só Deus o entende. Nada será tão prejudicial para o ser humano que não tenha fim. Nossos caminhos são iluminados ainda que tenhamos dificuldade de enxergar a luz. A criatura humana que existe impregnada dentro de cada um terá que ter paciência e a nobre função de suportar seus desígnios.

segunda-feira, novembro 04, 2013

Esse não é o meu mundo

Quando as pessoas chegam ao mundo abastecem de felicidade seus lares. Os pais são os que mais se alegram com a nossa chegada. Nossos irmãos que chegaram antes também ficam felizes. Por muito tempo o encanto de nossa vinda fica impregnado em todos da nossa família. É muita alegria. Nosso primeiro, segundo e terceiro aninho são festas inesquecíveis. A cada dia somado em nossas vidas vamos amadurecendo em todos os sentidos. Mas ainda é cedo para sabermos quem somos e a que viemos. Tudo vai acontecendo a nossa volta, coisas boas e coisas ruins. Muitas pessoas vão se achegando ao nosso convívio e trazendo com elas experiências inigualáveis tanto para elas quanto para nós. Aos poucos nossa consciência vai amadurecendo e a partir daí os nossos julgamentos começam a fluir cada vez mais intensos. Começamos a perceber que a justiça não é tão justa como se apregoa. Que a riqueza tem conceitos muito diferentes para cada uma das pessoas do nosso meio. Percebemos que cada um sonha sonhos diferentes. Constatamos que o volume de bens produzidos por todos não é igualitariamente distribuído. A uns a ‘sorte’ parece ser mais amiga, a outros nem tanto. A certeza que tenho é que as pessoas se preocupam de tal maneira que, quando forem daqui embora, levarão todos os seus pertences. Ledo engano. Essas pessoas não chegaram à conclusão que todos os bens, sejam eles produzidos ou naturais apenas trocam de mãos. O que era de uma família passa a ser de outra. Imagine você que há duzentos anos todos os bens deste mundo pertenciam a pessoas diferentes, a famílias nada parecidas com as de hoje. Por melhor que possa ser a cada criatura não lhe é permitido levar nada, nem mesmo o que ela propriamente produziu. Os pecados são os únicos componentes dos alforjes. Esses sim irão amontoados as suas últimas vestes. Ninguém habita eternamente nesta casa, muito menos nesta rua. Um a um, chegará e sairá, não tenho dúvida disso. Alguns, nem tempo lhes serão oferecidos para distribuir suas riquezas antes de partirem. O meu mundo tem encantos que este mundo não tem. Nele a tristeza não mata. O preconceito não vive e a fome não existe. Ultimamente temos observado que as pessoas se preocupam com a vida dos animais que servem às pesquisas para melhorar a qualidade de vida do próprio homem, mas não se importam em adentrar restaurantes e saborear ‘deliciosos’ cortes de ovelha, de frango, de suíno ou bovino que foram simplesmente sacrificados sem chances nenhuma de sobrevivência. Nenhum ativista invade todo tipo de laboratório para levar camundongos para casa e os livrar da inconveniência dos testes. Não só animais, mas também as plantas, seres vivos do reino vegetal, nos abastecem de oxigênio e morrem queimadas ou de sede, porque ninguém tem plena consciência de seus benefícios. Neste abençoado solo a fumaça cancerígena é produzida para fabricar coisas inúteis, poluindo o planeta, ainda que poucos se importem. Aliás, isso acontece porque o homem tem muito pouco daquilo que a educação tem feito dele. Este não é o meu mundo porque ele tem pouco de mim. Discordo muito dos seus revezes. Alguém, aproximadamente há dois mil anos disse à tirania daquele tempo frase parecida: ”Meu reino não é deste mundo”. Perdoe-me Ele por usá-la neste texto, porque Seu teor é santo, e o meu meramente humano. Os homens, pela sua própria essência são próximos uns dos outros, quem os afasta, infelizmente é a educação que praticam. A cada dia mais me sinto desolado lendo manchetes desastrosas e desumanas praticadas por gente do meu tempo, por isso, decididamente percebo, que este não é o meu mundo. O meu é muito mais humano e encantado.

domingo, outubro 13, 2013

Uma inesquecível viagem

Jamais se pode imaginar em que data cada criatura chega neste mundo e nem temos ideia quando cada um arruma suas malas e dele se vai. Uma coisa é certa, cada uma das viagens será recheada por lampejos de coisas inigualáveis. Nem é preciso definir que tipo de veículo será utilizado nessa viagem, mas sabemos que no banco do piloto estaremos sentados. O número de assentos pouco importa, mas de antemão sabemos que todos serão ocupados por pessoas das mais fantásticas qualidades. Dessa turma que nos acompanham dois dela é a razão da nossa existência – nossos queridos e amados pais. São os mais importantes dessa brilhante jornada porque em obediência às regras do tempo serão os primeiros a descer. Claro que a regra é geral, mas as exceções são inúmeras. Na verdade, são os pais que colocam os filhos no banco do veículo, entretanto, assim que o veículo começa a se movimentar pode acontecer que um deles, inevitavelmente, venha a descer. Muitas vezes não nos acompanham nessa caminhada e a triste separação se torna prematura. Quantas mães não morrem no parto de seus filhos sem poderem sequer desfrutar de um pequeno percurso. Nosso passeio começa quando a ignição do nosso tempo é acionada, mas é evidente que nesse trajeto algumas pessoas já participam há muito tempo e por isso, acabamos por ser mais um passageiro no veículo de todos. Assim que o percurso é iniciado outras pessoas vão se juntando e se apossando dos assentos que ficam relativamente perto da gente. Alguns deles são utilizados inevitavelmente pelos parentes mais próximos. Neles viajam nossos avós, irmãos, tios, sobrinhos e primos. Às pessoas dóceis e que muito amamos, também costumamos reservar assentos bem perto, são os amigos verdadeiros, tão queridos quanto os consanguíneos. Alguns deles nos perguntam quase todos os dias dos nossos problemas e se estamos com falta de alguma coisa. Durante nossa viagem um enorme número de assentos acaba por ficar vagos segundo uma ordem divina de desocupação e nesses desocupados lugares outras pessoas se sentam, porque de alguma forma passam a fazer parte da nossa vida durante o transcurso. Para um rápido descanso de viagem, às vezes paramos. Nessa pausa, muitos passageiros descem e não mais retornam. Alguns porque não querem mais prosseguir conosco, outros porque não podem mais prosseguir, outros ainda, porque nós não os queremos mais. Isso é fato frequente e acontece quando nosso quotidiano merece análise para estabelecer os novos rumos de quem segue e quem fica. Os que seguem, com certeza colaboraram na melhoria do percurso ajudando-nos aliviar pontos críticos da jornada. Os que ficam algum motivo justificou a exclusão. Na viagem aprendemos muito por influência de todos. O veículo que nos transporta é cheio de equipamentos complicados, coisas eletrônicas e mecânicas que nem sempre temos habilidades compatíveis com suas exigências. A propósito, um dos significativos equipamentos de uso se chama perdão. Que coisa difícil lidar com isso. São claras as situações que não podemos deixar que os passageiros acionem esse equipamento primeiro que nós, porque é nossa vez de usá-lo. Nós é que estamos na direção do veículo. O perdão não pertence a manuseio de ninguém antes de você. Quando utilizamos essa preciosa ferramenta dificilmente nosso veículo reclama conserto. Do lado direito desse equipamento tem outro tão importante quanto, que se chama humildade. Também é difícil seu manuseio. Este se encontra acoplado ao dispositivo da religiosidade, o que poucos dominam. Nos casos em que é preciso utilizar-se dos freios bruscamente e para que o veículo não saia da rota é necessário alavancar um novo equipamento chamado sensatez, que funciona como um filtro de possibilidades, mas nem todos os veículos o possuem. Enfim, nossa viagem nesse fantástico instrumento de locomoção não é muito fácil, porque tem equipamentos que poucos motoristas conhecem. O painel é bastante iluminado por causa da tremenda luz refletida pelos dispositivos da educação, da fidelidade, do respeito, da sinceridade e da sabedoria. Tem tantos equipamentos que não me recordo de todos. É difícil entender como é possível dirigir o nosso veículo como piloto principal e ao mesmo tempo sermos passageiros de outros veículos. Ora como pai, ora como filho, ora como irmão, como tio ou sobrinho e muitas vezes, como o melhor amigo do motorista. Só mesmo Deus pode explicar a magia desse trânsito louco. Felizmente, disso Ele entende.

Ame o que você tem hoje

Nada foi desenhado em nossas vidas por acaso, tudo tem um sentido. Claro que existem coisas que são mais importantes que outras, mas precisamos estar atentos nas coisas que acontecem conosco no dia a dia. Tem oportunidade que nem parece de muita importância, mas pode, num passe de mágica, mudar os rumos de nossas vidas. Uma coisa que não abro mão de forma alguma é aceitar qualquer tipo de desistência. A desistência é destruidora de sonhos. Eu não posso deixar de acreditar em sonhos, porque sonhos são como milagres e acontecem todos os dias. Preste muita atenção e aprenda com eles. É preciso que estejamos atentos porque as melhores oportunidades nos batem à porta de forma quase imperceptível. Viver positivamente e de forma entusiástica faz bem para o espírito. Tenha muita esperança em tudo, mas não prive nenhuma pessoa de tê-la também, pode ser que ela só tenha isso como pilares de sua própria existência. Jamais corte aquilo que possa ser vagarosamente desatado. Não desperdice os momentos em que as oportunidades de praticar o bem lhes são claras. Se tiver que dizer que ama, seja o que for, diga sem medo das consequências. A presença do amor nunca empobreceu a quem demonstrou esse ato sublime. Não jogue fora seu tempo ou suas palavras com coisas em vão. Tempo e palavras quando jogados fora nunca são recuperados. É óbvio que os grandes problemas carecem de atenção redobrada, eles escondem grandes oportunidades que podem mudar os rumos da nossa história. É também preciso ser coerente com o mundo que habitamos. Acompanhar a evolução da civilização é obrigação de todos nós. Os problemas discutidos hoje, de meio ambiente e de preservação da natureza são fatores incontestáveis para melhor qualidade de vida das próximas gerações. Nelas estão contidos nossos filhos e nossos netos. A coerência precisa ser praticada e eleita como uma de nossas bandeiras, porque antes de falar é preciso escutar. Antes de escrever é preciso pensar. Antes de gastar é preciso ganhar. Antes de julgar é preciso perdoar. Antes de desistir é preciso tentar. É sábio dizer que mares calmos não fazem bons marinheiros. A gente aprende enfrentando desafios. Vencer é importante, mas não mais que participar. Erros nada mais são que lições de sabedorias, por isso, aprendamos com eles. As pessoas vão esquecer coisas que você disse, mas não esquecerão coisas que você fez. Jamais deixarão de lembrar a forma como você as tratou. Nunca perca a oportunidade de ser melhor. Dê atenção a todos em seu redor, independentemente de qualquer diferença de raça ou religiosidade. Certa vez li uma pequena história que vou lhe contar. Numa bela manhã de domingo um namorado deixou de presente na casa de sua namorada uma linda boneca. Assim que ela apoderou-se do belo presente, com muita raiva e sem saber o porquê, pegou a boneca e jogou no meio da rua, bem na hora que seu namorado havia retornado. Ele disse: Por que você jogou fora a boneca que com grande carinho lhe dei de presente? Ela respondeu: Porque não gostei do presente. Ele foi pegar a boneca, e quando se abaixou no meio da rua um carro o atropelou, causando-lhe morte instantânea. Na manhã seguinte, na hora do enterro sua namorada chorando muito pegou a boneca e abraçou. E a boneca falou: Quer se casar comigo? Então, ela emocionada deixou a boneca cair, e do bolso esquerdo da boneca também caíram duas belíssimas alianças, e junto delas um bilhete com os seguintes dizeres: ame o que você tem hoje, antes que a vida lhe ensine a amar o que nunca mais será seu.

terça-feira, outubro 01, 2013

Estranho comércio

Nesta semana, mais precisamente dia 28 de setembro, estivemos visitando uma enorme feira de produtos de vestuário, brinquedos, bijuterias e outras bugigangas na vizinha cidade de Parisi. Com toda certeza estavam ali amontoadas centenas de barracas de vendas, de 200 a 300 unidades possivelmente. Todas abarrotadas de produtos a custos irrisórios. Não dá para entender como alguns produtos possam ser comercializados nessas circunstâncias. Os vendedores, todos de pele escurecida e bem parecidos com aqueles indianos que a gente costuma ver em novelas ou gritando em portas de comércio na Rua 25 de março em São Paulo. Apelidar tudo aquilo de bagunça é muito pouco, mesmo porque bagunça pode ser coisa organizada. Difícil é entender como funciona tudo isso. Assim que passamos por uma das centenas de barracas ali espremidas, um dos vendedores simpaticamente me perguntou se eu queria comprar uma bermuda da ‘adidas’ por quinze reais. Brinquei com ele e lhe disse que estava caro. Acheguei-me a sua tenda com a finalidade mesmo de saber de suas origens. Indiano? Perguntei a ele. Não, disse sorrindo, sou de Bangladesh. Ah sim, respondi. Conheço seu país de nome e no mapa. Para o leitor, Bangladesh também conhecido pela forma aportuguesada de Bangladeche é um país asiático rodeado quase por inteiro pela Índia, com exceção do sudeste. Esse país conquistou sua independência do Paquistão em 1971, depois de uma guerra civil de nove meses entre o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental. Essa nação, na verdade era o Paquistão Oriental. Para que se tenha uma melhor ideia, Bangladesh é o oitavo país do mundo em número de habitantes, com cerca de 150 milhões de pessoas em 2012. O rápido crescimento populacional do país trouxe um sério problema de superpopulação. É pouco maior do que o estado brasileiro do Amapá, mas o número de habitantes é, aproximadamente, 220 vezes maior. Seus habitantes são chamados de bengaleses. Essa região é caracterizada há muito tempo por uma grande pobreza e a maioria dos habitantes é composta de agricultores paupérrimos, que se esforçam para tirar seu sustento de pequenos lotes de terra. Muitos trabalhadores na maioria das cidades ganham apenas centavos por dia, daí a extrema pobreza e a péssima qualidade de vida desse povo. Mais de cinquenta por cento da população acima de 15 anos não sabe ler nem escrever. Aliás, no diálogo que tive com esse rapaz de aparentemente 25 anos de idade deu para perceber a tamanha falta de informação. Fiquei surpreso com tudo aquilo que ouvi e que vi naquele local. A fim de saber um pouco mais da situação, perguntei ao ilustre desconhecido quanto pagava por estar ali durante três dias. Ele não soube me responder com palavras, mas de forma gestual me mostrou o dedo indicador valendo pelo número um e na palma de sua mão desenhou mais três zeros. Rapidamente fiz a conta imaginária das quase 300 barracas ali postadas. Que participação tiveram os cofres públicos na arrecadação? Melhor conferir se tiver dúvida. Perguntei ao bengalês, onde dorme? Apontou para o chão do asfalto. Nem me atrevi a perguntar onde toma seu banho ou faz suas necessidades fisiológicas. Com certeza iria me dizer do outro lado do muro de onde estávamos. Mas o que me chamou a atenção foi como isso foi acertado, não em termos de dinheiro, porque esse é fácil de imaginar, mas em termos de legislação. Será que os direitos trabalhistas são respeitados nessas circunstâncias? Será que a licença do Corpo de Bombeiros foi emitida? Se lá aparecer um foco de incêndio, com as mercadorias que ali estão entulhadas o local se transforma em cinzas em pouquíssimos minutos e uma enormidade de pessoas estaria entre as cinzas. Será que as Prefeituras dispõem de legislação para atender a essa situação? Sei não. Continuei a trajetória a passos lentos. Passando por outra banca constatei a venda de um relógio infantil por cinco reais. Os de adultos eram dez reais. Ainda não consegui entender como tudo isso se processa. O que é pior, quando um cliente adquire uma bermuda ou camiseta ‘adidas’ por cinco ou dez reais, ele imagina na hora, que os comerciantes de sua cidade que se mantém legalizados são crápulas usurpadores, para não dizer exímios ladrões. É visível que os bengaleses ali distribuídos trocam seus horários de trabalho pela comida. Não pode ser diferente, em suas origens isso seria pior. Alguém tira esses infelizes de suas pátrias e os escraviza com promessas indecentes e desumanas. Será que os sindicatos não vêm a exploração desse tipo de mão de obra? Ou será mais cômodo visitar locais permanentes de trabalho onde é mais fácil de encontrar os responsáveis? Fechar os olhos em algumas situações seria mais prático? Para dizer a verdade, isso me parece mais uma escravidão de pessoas a céu aberto do que decentes e dignas oportunidades de trabalho que os comerciantes da cidade oferecem.

sábado, setembro 28, 2013

Fazer a diferença

Muitas pessoas costumam fazer a diferença na vida dos outros. Acho isso uma dignidade. È muito importante quando a gente tem amigos que pensam assim. Não nos basta ser mais um, aliás, se todos entendessem a diferença de ‘ser um’ e de ser ‘mais um’ imagino que entenderiam tudo. Quem não tem amigos que fazem a diferença em sua vida? Se fizermos um pequeno esforço creio que vamos lembrar-nos de muitos deles. Li uma ocasião que “a diferença entre o sábio e o ignorante não é a questão de quem sabe mais, mas sim quem se dispõe a aprender sem vergonha de ser aprendiz”. Achei isto bastante significativo. Em qualquer área de convivência encontraremos aqueles que nos fazem a diferença. O homem público e honesto, por exemplo, faz a grande diferença na vida de toda a sociedade, seja neste país ou em outro qualquer. Ele não pratica o egoísmo, essa tendência presente nos seres humanos de levar em conta exclusivamente os próprios interesses em detrimento do cumprimento dos deveres morais para com os outros, quando se propõe a realizar algo diferente. Ele o faz pensando na sociedade como um todo e é claro que são poucos, mas esse pouco faz a diferença. Se fizermos uma analogia entre uma crise no governo e uma crise renal, vamos notar claramente que nesta última um chá de quebra-pedra pode resolver tudo, naquela, só um transplante de ministros. Na vida acadêmica, pela enormidade de pessoas que lidamos todos os anos, sempre tivemos alunos que fizeram a diferença em nossas vidas, outros, ainda continuam fazendo. Todos os dias, felizmente, os alunos me surpreendem com suas atitudes e seus projetos de vida. Ainda esta semana uma aluna me procurou para que eu a acompanhasse numa pesquisa para participação em concurso de prêmios. No nosso diálogo tentei mostrar a ela que sua atitude muito nos honra e nos deixa feliz, mesmo porque nossa participação nesse tipo de atividade já é um prêmio, tanto para ela quanto para mim. Aceitei de pronto e vamos realizar essa tarefa a dois. Com toda certeza faremos a diferença um ao outro. Recordo-me quando comecei minha vida acadêmica, numa noite em um final de semestre bastante cansativo, distribui todas as folhas de provas para que os alunos as realizassem. Como é de praxe, nessas circunstâncias, o professor sempre faz comentários sobre o conteúdo questionado na avaliação. Isso tranquiliza o aluno e o deixa distante de qualquer tipo de inconveniência. Assim que entreguei as provas, um dos alunos, sentado a minha direita na fileira da porta, mais precisamente na quarta carteira, levantou a mão e me questionou uma das perguntas. Fui até onde estava esse aluno e respondi que sua indagação tinha resposta no verso da folha. Em ato imediato levei a mão para mostrar a ele o verso da prova porque ali estava a resposta da sua pergunta. Ele, instintivamente, colocou sua mão sobre a prova impedindo que eu o fizesse. Em seguida lhe pedi que me deixasse mostrar a resposta do outro lado da folha. Ele se recusou a virá-la quando percebi que sua fisionomia aparentava preocupação excessiva. Forcei o ato e constatei que debaixo da folha havia um papel com alguns escritos. Notei tratar-se de uma ‘cola’, como se diz no palavreado estudantil. Educadamente retirei a folha de prova de sua mão e solicitei sua saída da sala. Voltei para os demais e, como se nada tivesse acontecido, esclareci todo tipo de dúvidas. Mas eu continuava observava a perplexidade do aluno ainda na carteira. Parecia que ele não acreditava naquilo que havia acontecido. Olhei mais uma vez para seu rosto e em tom baixo para não expô-lo ao ridículo lhe falei que poderia retirar-se. Mas ele continuava parado, sem nenhuma resposta. Resolvei fazer diferente. Peguei novamente a prova e fui até sua carteira e lhe disse: faça a prova. Nem é preciso dizer da humildade e da satisfação que tomou conta dele naquele instante. Realizou a prova e esperou que todos saíssem sala. Olhou para meu rosto e disse: Professor me desculpe. Nunca mais na vida farei isso novamente. O senhor me deu uma lição que eu nunca havia recebido em casa. É a vida, respondi. Pois então, para esse aluno, creio ter feito uma grande diferença.

terça-feira, setembro 17, 2013

Punição desnecessária e inconsequente

Veja só. Sérgio Porto sob a alcunha de Stanislaw Ponte Preta teria dito que o impossível acontece. E acontece mesmo. Mas, por instantes a gente não acredita. Todo mundo sabe que a posição da nação brasileira não é lá grande coisa quando se fala em primeiro mundo. Oitavo mundo tem me parecido mais racional. Vou te contar um fato deplorável. A fim de pegar umas fotos que mandei revelar aqui na minha cidade acabei por estacionar meu carro numa oportuna vaga a sol aberto. Ao sair do estabelecimento adentrei ao carro para minha rotineira viagem de trabalho, mas confesso que foi um sufoco perceber a temperatura dentro do veículo naquele instante. O calor de dentro dele quase derreteu um chocolate prestígio que estava no seu interior. Claro que todo mundo sabe o tamanho desse chocolate e o sabor delicioso que tem. Mas, ainda, isso não é o fato mais interessante. No quilômetro 468 da Rodovia Euclides da Cunha resolvi abocanhar a guloseima quase derretida. Apanhei o invólucro e com os dentes perfurei uma de suas extremidades. Apertando o conteúdo de baixo para cima o saboreei deliciosamente. Como a embalagem ficou vazia e bastante úmida pelo chocolate derretido, ao invés de colocá-la no saquinho do lixo preso ao câmbio, abaixei o vidro da porta do meu lado e suavemente me desfiz do pequeno papel no quilômetro 469. Note que uma embalagem de prestígio aberta apenas numa das extremidades, não mede mais que 10 centímetros de comprimento por 2 centímetros de largura. Foi esse o delito que pratiquei. Entretanto, atrás do meu veículo na mesma direção a que eu me dirigia outro veículo seguia com três policiais rodoviários dentro. Observei que essa viatura me insinuava com seus faróis para que eu parasse e os atendesse. Foi isso que fiz. Dei o sinal de alteração do trajeto, liguei o pisca intermitente e parei para atendê-los. Um policial rodoviário mostrando-se bem humorado, mas de fato não era o que aparentava se dirigiu ao meu veículo e exigiu os documentos do carro e minha carteira de habilitação, que com certeza é mais velha que ele. Momento seguinte o policial me disse que teria de fazer um auto de infração porque eu havia infringido a lei atirando um objeto para fora do veículo. Fiquei extremamente indignado, não conseguia acreditar que essas palavras partiam de um comandante da Polícia Rodoviária. Mas naquele momento me contive e raciocinei que algumas criaturas quando assumem posição de comando com menos de cinco anos ainda pouco entendem o que é realmente comandar uma equipe sem macular o respeito à sociedade. Raros são aqueles que não tentam mostrar o poder pelo lado inverso. Melhor seria se conhecessem os limites da decência e do equilíbrio. Perguntei a ele, mas o senhor vai me aplicar uma penalidade por eu atirar uma embalagem de chocolate prestígio pelo vidro do carro? Sua advertência verbal, com certeza, seria mais eficaz dado a vergonha que eu sentiria do ato impensado que pratiquei. Sim, isso mesmo, disse ele. Nós cumprimos a lei e quem faz a lei são os políticos, se o senhor tivesse olhado para trás talvez não atirasse o papel, retrucou ele, insinuando que se eles não estivessem logo atrás eu poderia ter praticado o ato indesejável. O senhor acha justo isso, perguntei? Ele meneou a cabeça num movimento de extrema dúvida e nada respondeu. Talvez se sentisse arrependido ou envergonhado de penalizar por tão pouco um profissional deste país que se dirige ao trabalho e que acertadamente contribui para aumentar as Receitas do Estado destinadas a pagamentos salariais de seus funcionários. Não tendo a coragem de registrar o fato, mandou que um de seus comandados o fizesse. Num gesto de humildade seu comandado cumpriu as ordens. Contudo, me parecia que o policial rodoviário que lavrava o auto não o fazia de forma agradável. Naquele momento eu imaginei que ele também discordava do registro que realizava. O terceiro acompanhante se distanciou mais ainda, talvez por nunca presenciar em sua digna carreira ato tão deplorável. Mas sob a prepotência do superior cumpriam-se ordens regimentais. Entretanto, o fato será capaz de colocar 4 pontos na carteira de quem quer que se atreva a jogar pela estrada um minúsculo invólucro vazio de chocolate. Enquanto isso, vamos assistindo em redes televisivas cidadãos fazendo barbaridades em zigue-zagues nas estradas deste país, com veículos trucados e de grande porte, colocando em risco sua própria vida, a vida das famílias que passeiam e a dos trabalhadores que como eu atiram pela janela do carro uma embalagem de não mais de 20 centímetros quadrados. Pelos policiais estarem ‘ocupados’ autuando pessoas que atiram palitos de sorvete ou embalagens de chocolates nas rodovias, possivelmente os fiscalizadores da ordem no trânsito não estarão nesses locais em que as atrocidades realmente acontecem. Assim que deixei o local enquanto obedecia aos 80 quilômetros horários, a viatura policial me ultrapassou a mais de 110 quilômetros por hora, velocidade não permitida para o local. Ao me ultrapassarem um dos ocupantes colocou o braço para fora do seu veículo e me fez acenos de despedida. Mais uma vez, indignado com o ato inoportuno, fui até ao próximo retorno e voltei para o local da infração. Encontrei o invólucro do chocolate do qual registrei algumas fotos ainda no acostamento da rodovia. Senhor comandante, não será com esse tipo de atitude que o senhor vai mostrar aos comandados e à sociedade que te paga, a qualidade de serviços que o povo espera. A Corporação da Polícia Rodoviária é digna e merecedora de todo respeito da sociedade brasileira, quem não sabe disso? Por favor, evite escurecer essa imagem. Seu comportamento foi inadequado dado a irrelevância do acontecimento. Se na escola os professores se comportarem com seus filhos da forma de seu exemplo, com certeza teríamos no futuro uma sociedade totalmente despreparada. Fiquei indignado com sua atitude de ‘homem da lei’ e quando assinei a sua imposição de penalidade tive a deprimente sensação e vergonha de imaginar se vale a pena dizer patrioticamente que sou brasileiro.

domingo, setembro 08, 2013

Civismo à beira da morte

Quanta saudade me dá dos tempos em que o civismo estava impregnado nas crianças, nos jovens, nos adultos e naqueles que o tempo havia embranquecidos os cabelos. Que tristeza eu sinto de não ver desfilando nas ruas da cidade as brilhantes fanfarras disputando o alegre espaço com as pessoas. Creio que em algumas cidades isso ainda existe. Algumas fanfarras desfilavam com meninas lindamente vestidas com o bastão todo dourado entrelaçado nos dedos, transportado de uma das mãos para outra, com uma habilidade circense. Recebiam aplausos de todo mundo, a cada pedaço de chão caminhado lá vinham as palmas novamente, principalmente de sua família que se postava num lugar estratégico para uma seção de fotos e filmagens. As crianças das escolas públicas e particulares desfilavam ao som das cornetas e dos zabumbas que batiam no mesmo compasso do coração de cada um. Isso eram os festejos e a comemoração da tão grande sonhada liberdade obtida em 7 de setembro de l.822. A Independência do Brasil é um dos fatos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta por este ideal. Tiradentes foi executado pela coroa portuguesa por defender a liberdade de nosso país, durante o processo da Inconfidência Mineira. Foi nesse dia que quebramos as correntes que tanto nos prendeu e nos machucou. Sabemos que a independência econômica ficou para depois, mas será uma questão de tempo. Ninguém se lembra mais disso? Por onde anda a memória de nossa gente? Onde estão os protagonizadores dos atos cívicos? Onde estão os dirigentes de escolas que tinham o dever cívico de incutir nas crianças o amor e a dedicação à Pátria? Onde estarão os mandantes de toda ordem neste dia em que as escolas deveriam realizar festejos em praça pública? Divertindo em particularidades? Comendo peixe frito em pesque-pagues da vida? Ah... Que pena que todos perderam a sensibilidade cívica. Abandonaram esse ritual digno por causa dos parcos salários? Isso não é motivo. Civilidade se pratica de graça e sem interesse econômico. Civilidade é o coração falando e não o cérebro fazendo contas de lucro ou prejuízo. Onde está toda a classe política que tem obrigação de incentivar e de criar condições econômicas e logísticas para que isso aconteça? Em que lugar da cidade está a banda apresentando o Hino Nacional com bandeiras hasteadas balançando ao vento ao som do instrumental? Os grandes personagens que fizeram deste país um lugar livre devem estar virados de bruços em suas lápides de vergonha pelos sucessores de sua Pátria agirem de forma tão escabrosa e sem nenhum esmero cívico. É uma vergonha mesmo. Neste dia tão significativo para todos os brasileiros lermos nas páginas deste informativo que “a programação cívica alusiva a 7 de setembro a gente fica devendo. É que não vai ter nada mesmo”. Imagino eu, que o patriotismo tão acirrado pelos brasileiros do passado, mudou-se para outro país. Não porque talvez lá possa ser melhor para se viver, acho que foi pura vergonha mesmo. Eu duvido que na maioria das escolas comentou-se com os alunos o Hino da Independência. Triste não? Observe o significado da primeira estrofe: ”Já podeis da Pátria filhos, (os filhos da Pátria podem), Ver contente a mãe gentil, (vê-la contente), Já raiou a liberdade (o País está livre de), No horizonte do Brasil (livre de Portugal)”.

sábado, setembro 07, 2013

Ainda é tempo de ser outro

Já ultrapassamos mais de um décimo do século 21. Estamos vivendo a modernidade propriamente dita. Ninguém tem conseguido acompanhar inovações da informática. Parece incrível isso. Cientista afirmando cada vez mais novas descobertas sobre o universo. Afirmam a existência de outros mundos e a possibilidade de água neles e de outras civilizações. Conhecedores da ciência se ‘atrevem’ a falar que objetos encontrados ultrapassam a casa de milhões de anos. Fósseis descobertos informam seres viventes de outrora, inimagináveis. É um novo tempo, sem dúvida. O que continua estranho e pouco promete mudança é a maioria das criaturas humanas mesmo. Será que existe uma força contrária a isso? Por que será que não se aprende que é possível recomeçar e construir um mundo novo dentro de cada um? Não é muito difícil assumir uma nova postura desvencilhando-se de erros e buscando uma vida de acertos. Vamos mudar, vamos fazer um pacto hoje mesmo. Agora. Não vamos deixar mais que o vício se intrometa em nossos caminhos e mude o rumo dos nossos melhores objetivos. Não vamos admitir que o álcool continue sendo a arma que tem sido em nossas mãos contra tudo e contra todos. Esse vício por ser uma droga social, está entre os males de maior relevância em todos os países do mundo. Estatísticas informam que 90% das pessoas que o ingerem são escravas dele de alguma forma. É um vício atrevido que normalmente acontece na adolescência quando o jovem engole esse verdadeiro veneno para desinibir-se e enfrentar situações que normalmente o acanha. A partir daí não consegue mais dar fim nessa inconveniência, partindo de bebedor ocasional para consumidor habitual. O álcool, segundo pesquisas, provoca infiltração de gorduras no fígado, podendo gerar consequências irreparáveis como a hepatite alcoólica e a cirrose hepática. Esta, muito mais grave ainda. Mas não é somente esse o único dos males socialmente aceitos. Outro vício não menos prejudicial é o cigarro. Abster-se desse vício é uma necessidade urgente de todos os praticantes. Segundo noticiários oficiais o cigarro pode causar cerca de 50 diferentes doenças, especialmente problemas ligados ao coração e à circulação. A fumaça do cigarro, segundo especialista é absorvida por combustão, o que aumenta ainda mais os males da sua composição. Dizem os entendidos que a cada tragada milhares de substâncias tóxicas são inaladas. É preciso que os praticantes desse vício sejam determinados em abster-se desse mal provocador de tanta destruição orgânica em si e até mesmo nas pessoas de sua família. Se o próprio fabricante informa que fumar é prejudicial à saúde, precisa dizer mais? O consumo de cigarro é um dos maiores mercados do mundo comandando legiões de compradores leais e com um crescimento estrondoso. Os fabricantes orgulham-se dos lucros mirabolantes. O único problema que têm tido é que seus melhores clientes morrem um a um todos os minutos, por isso buscam ininterruptamente novos parceiros. Há tempos atrás li uma reportagem dizendo que a minissérie Presença de Anita, chamou a atenção aos vários cigarros consumidos pela protagonista de apenas 18 anos. A representação foi tamanha, ao ponto da própria atriz tornar-se dependente. Os anúncios felizmente proibidos pela legislação brasileira ostentam jovens de corpo atlético, saudáveis e cheios de juventude, divertindo-se em praias e quadras esportivas. Esses são os chamativos para os novos adeptos. Alguns anúncios são até mais arrojados colocando pessoas no lombo de pangarés belíssimos ostentando habilidade de poder e domínio. Que isso possa ficar no passado. Não nos basta isso, outros males ainda um tanto piores têm acometido a juventude brasileira na busca de realidade que não existe. Drogas em todas as formas têm sacrificado sem piedade aqueles que as têm utilizado na busca de sonhos cada vez mais distantes e impossíveis de serem desfrutados. É tempo de mudar para melhor. O momento é agora. Vamos aproveitar qualquer oportunidade de mudança. Vamos procurar entender melhor nossos pais, ouvindo seus conselhos e seus apelos. Nossos pais nos amam porque somos filhos seus. Fato incontestável. Nos momentos de glória isso pode nos parecer sem importância, mas nas ocasiões de risco e ameaças nos oferecem segurança e a certeza do caminho certo que não se encontraria em qualquer outro lugar.

Numa outra “encadernação”

Numa outra “encadernação”, que não sonho quando possa acontecer, torço para que tudo seja diferente. Pelo menos comigo. Quero ter o prazer de dirigir uma cidade do meu jeito. E como quero. Vou fazer as coisas da forma que acho coerente para todo mundo. Minha cidade será um exemplo. Uma nova concepção de vida e respeito com todos os munícipes. Na minha gestão o funcionalismo público terá que ser público mesmo, senão expurgo para o setor privado. Terá que produzir para a população ganhando salários compatíveis como a maioria do povo que trabalha de verdade, mas sem aquela de que enquanto um trabalha três fiscalizam. Os quatro fiscalizam e os quatro trabalham. Também não vou aceitar de forma alguma que grupos privilegiados ajam de forma também privilegiada. Exploração no meu governo, jamais. Na minha cidade as pessoas que tiverem mais de 60 anos terão oportunidades ímpares de manter a dignidade trabalhando. Ao invés de dar empregos para pessoas que não possuem comprometimento com a sociedade, vou privilegiar quem o próprio mercado de trabalho excluiu de forma inadequada e injusta. Os novatos que pouco se interessam pelo trabalho que vão plantar batatas. Eu falo desses que no trabalho só vivem perguntando de suas férias e de licenças- saúdes programadas. Pois então, os sessentões terão direitos de trabalho na minha cidade. Divido a cidade em diversos setores e darei aos sexagenários o direito de perceberem um salário mensal produzindo. Com certeza, vou dar emprego à maioria deles. Assim que o número de oportunidades for reduzindo aplicarei um sistema de rodízio. Após um ano de labor eles terão que abdicar em favor de outros, mas voltarão para casa com 13 salários na algibeira. Depois voltam em rodízio se assim quiserem e tiverem oportunidade. Com isso o custeio de suas necessidades primárias não dependerá de outras pessoas como a realidade nos tem mostrado. Suas necessidades básicas de saúde seriam aliviadas. Você deve estar imaginando como eu legalizaria isso não é? Pois é, isso seria problema de uma área jurídica e não meu. Eu iria devolver ao idoso a dignidade ‘roubada’ pelos donos do dinheiro, sejam públicos ou privados. E tem mais, todas as empresas da minha cidade que contratassem pessoas nessa idade previamente cadastradas teriam direito a descontos no IPTU, no ISSQN ou coisa parecida. Na minha gestão o idoso não seria considerado um estorvo, do contrário, seria um trabalhador tanto quanto os demais, produzindo riquezas com a sabedoria adquirida ao longo de sua vida. Faria valer aqui respeito idêntico ao que o cidadão nessa faixa de idade tem em países do oriente. Lá não é desperdiçada a experiência e sabedoria. Raramente as pessoas que dirigem a coisa pública têm a sensibilidade de entender coisas básicas, seja por falta de informação ou tino administrativo mesmo. Alguns idosos não tiveram o direito a estudos, abstiveram-se de planos de aposentadoria que lhes resguardassem o futuro, por isso, continuam mendigando assistência médica o tempo todo e sendo maltratados pelo sistema. No que eu iria ocupá-los? Ah sim... Muito fácil. Ajudariam no embelezamento de praças e canteiros de avenidas que mais parecem invernadas sem as flores do campo. Irrigariam plantas existentes em enormes jardineiras postadas ao longo das ruas que pedem pelo amor de Deus que lhe deem água. Plantas que só bebem esse líquido precioso em dias de chuva ou em programadas inaugurações. Limpariam calçadas. Fariam serviços de limpeza onde a imundície reclama isso. Desentupiriam esses bueiros algozes entupidos por lixo durante os contratempos climáticos. Ah! Mais uma coisa. Na minha gestão seria sorteada e presenteada uma casa por bairro que mantivesse sua frente com impecável limpeza. Naquele mês, essa residência receberia como prêmio em dinheiro o mesmo valor de sua contribuição mensal do IPTU. Eu sonho com cidade limpa e creio que você também. Claro que a minha cidade te pareceu cômica, mas tenho certeza que você ficou com uma vontade doida de conhecê-la, porque ela é muito melhor que a sua.

É preciso acreditar sempre

A esperança é um estado de graça que todas as pessoas devem alimentar. Acreditar que amanhã será um dia melhor que hoje nos faz sentir rejuvenescido e mais corajoso, acreditando até mesmo em coisas inacreditáveis e impossíveis. A magia do amanhã é o fato dele nos trazer novamente aquilo que parecia estar perdido nos corações e no tempo. Todo mundo sabe que milagres existem, de formas diferentes para cada um, mas existem. Eles são frutos de um estado sublime da alma. É preciso, claro, que colaboremos para que todo espaço vazio possa ser ocupado de alegria e esperança. Que os males a que estamos sujeitos não encontrem nenhuma forma de alojamento. Apesar dos obstáculos do dia a dia, dos tropeços e desencontros, das dificuldades e das portas lacradas pela inveja e indiferença é preciso manter essa esperança que vive dentro de cada um de nós. A esperança destrava todo processo de truncamento de nossos sonhos, abre as portas dos corações esquecidos e marcados pelo desalento. Nunca desista de buscar aquilo que te conforta e te faz bem, porque os nossos sonhos têm exatamente o nosso tamanho. Desnude-se de qualquer passado que não tenha sido dos melhores, viva uma realidade nova e repleta de expectativas. Exorcize velhos preconceitos que de uma forma ou de outra penetraram em sua vida ocupando o espaço onde só a luz tem o direito de permanecer. Não podemos esmorecer e nem deixar que a angústia e a tristeza se apoderem dos nossos sentimentos. Não será porque o calendário mudou o dia que as coisas amanhecerão diferentes. Quem não tinha a felicidade por perto pode não tê-la de imediato, num passe de mágica, mas se buscá-la ela virá. É preciso de luta. Quem tinha a ganância debaixo de suas asas também não será portador da caridade de uma hora para outra, se para isso não se propuser a doar-se. Precisamos saber entender que hoje é o ontem repetido e amanhã nada mais será que a repetição do hoje. Nossos dias serão cada vez melhores se dispusermos que assim eles o sejam. Nossa esperança será sempre a bússola para nossos caminhos. Jamais será a última a morrer, será sim, aquela que nos sustentará e que não vai morrer nunca. Deverá permanecer eternamente viva dentro de cada um de nós por todos os dias. Toda e qualquer atitude responsável na direção da esperança converterá sonhos em metas e metas em ação, sendo sempre bem vindas porque potencializarão nossa saúde mental. Alguns especialistas em geriatria até ressaltam a inclusão que a boa vaidade disfarçada de esperança tem sido grande aliada no combate a doenças comuns em pessoas de mais idade, aumenta a autoestima com bastante segurança e determinação. Por isso pessoas idosas são favorecidas nas manifestações depressivas causadas pela sensação de exclusão e pela perda de identidade com suas formas físicas. A vaidade e o consequente aumento da autoestima são fatores determinantes para a melhora de pacientes, explicam eles. Especialistas da área psicológica não discordam e acrescentam que a busca do idoso pela melhor aparência é bem vinda e merece valorização por parte das pessoas de seus convívios. “Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um ‘sim’ ou um ‘não’ pode mudar a nossa existência. O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos sonhos”. Uma pessoa que sempre acredita acaba por deixar que coisas novas aconteçam e acaba por assumir possibilidades jamais sonhadas. Tenha esperança sempre. “Uma criatura pode viver quarenta dias sem alimento, três dias sem água, oito minutos sem ar, mas nenhum segundo sem esperanças”. Tenha esperança sempre.

sábado, agosto 10, 2013

Pai... Minha esperança de vida

Pai, eu só tenho cinco aninhos. Eu pouco entendo das coisas que acontecem ao meu redor. Você pode não saber disso agora, mas eu observo, todos os dias, as coisas que você faz. Observo atentamente sua reação com as pessoas que estão a sua volta. Eu procuro entender, mas nem sempre consigo, o modo carinhoso como você trata a mim, a minha mãe e a meu irmão mais velho que já te ajuda com o que ganha no trabalho. Um dia eu também vou te ajudar. A forma como você conduz os problemas, que eu pouco entendo, está tendo um forte impacto em mim. Eu te admiro muito pai. As pessoas sempre dizem que eu tenho muito amor por você e eu sinto isso. Quando chegar o momento de eu ser como você e tiver a minha família, escolher a minha profissão, com certeza, a sua ética que eu pouco sei o que é, mas eu sinto, estará na minha mente para me ajudar a ser bom e ser justo. O tempo que você me dispensa, fazendo brincadeiras comigo, pulando cordas, brincando de amarelinha ou mesmo rolando na grama do nosso quintal, fará com que eu me sinta mais confiante quando eu for adulto. Haverá momentos na minha vida em que terei de ser íntegro como você e talvez eu não tenha certeza de que minhas ideias estejam certas, mas me recordarei de como você defendia aquilo que achava correto, mesmo quando você poderia ter tomado outro caminho. Pai, eu também farei a maioria das escolhas que você faz na sua vida pessoal e profissional. Eu te peço, por todo o amor que tenho por você, nunca tenha medo de me mostrar os seus tropeços e os seus fracassos, eu vou aprender com eles. De uma forma ou de outra serão lições de vida para o meu futuro. Você está me ouvindo, não é pai? Eu continuo te observando. Eu sinto que você realmente acredita naquilo que fala quando se dispõe a me evangelizar. Sinto-me seguro quando ouço de sua boca a fé que deposita na palavra de Deus. Porque eu creio Nele mesmo não entendendo o que significa isso ainda. Pai, eu preciso da sua ajuda para que eu entenda o meu mundo que será pouco diferente do seu, porque eu te copio. Preciso de suas orientações todos os dias para que eu sinta como é viver uma vida com pouca segurança, mas que possa valer a pena. Eu continuo observando você todos os dias, porque me ensina como viver seguro todas as horas, mesmo que isso te possa parecer pouco ainda. Pai, eu te amo, tanto quanto amo a minha Mãe. Mesmo quando eu tiver esse montão de idade que você tem eu continuarei a te ouvir porque sei que você será sempre um caminho a seguir. Mas, nesse dia especial dedicado a você, deixa-me ficar um pouquinho mais dentro do seu meigo coração do que tenho ficado nos outros dias.

quarta-feira, agosto 07, 2013

Dinastia - governo de poucos!

Interessante o significado da palavra dinastia. O dicionário diz que é o poder de mando de uma “série de soberanos pertencentes a uma mesma família”. Mas, nem sempre esse entendimento foi usado como único. Ou melhor, a dinastia só foi usada da forma prescrita no dicionário nos tempos dos soberanos mesmo. Hoje sua aplicação é misturada com sistemas oligárquicos (domínio de classes), que os dicionários dizem ser também o “governo de poucas pessoas, que pertencem ao mesmo partido, classe ou família”. Diz mais: “preponderância duma facção ou de um grupo na direção dos negócios públicos”. Essa definição me parece mais autêntica, pelo menos mais contemporânea. E é sobre isso que eu queria tecer comentário. A preponderância de grandes grupos oligárquicos nos mais diversos seguimentos da sociedade é bastante presente e suas influências nem sempre têm sido muito benéficas. Os discursos de ordem nacional só comentam que nos últimos 10 anos diminuiu a pobreza; que o rendimento econômico das famílias tornou-se igualitário; que o povo vive melhor. Claro, isso nos 10 anos de governo esdrúxulo, por sinal. Mas o que se afirma não é verdade. O povo está aí nas ruas reclamando de corrupção desenfreada, de falta de segurança, de educação cada vez mais decadente e a saúde cada vez mais doente. Moradia, até que o governo está com planos de melhoria, mas já se fala em corrupção de construtora e do agente financiador. Entretanto, com segurança, saúde e educação as brechas das negociatas são relativamente pequenas. Os noticiários jornalísticos e televisivos não dizem outra coisa. O pior é que a impunidade neste país é latente e continuará sendo nosso grande desafio. O crime dominou as manchetes informativas. Nas esferas administrativas federal, estadual e municipal, os eleitos fazem questão de aproveitar fendas da lei para se reelegerem, mesmo quando os quatro primeiros anos foram desastres. Ninguém abre mão da reeleição, disso todo mundo sabe. Quando a lei autoriza mais de dois mandatos, dificilmente se perde a oportunidade. A grande maioria dos pretendentes a cargos públicos trabalha 50% de seus mandatos tentando cumprir o que prometeram e o restante preparam-se para o próximo pleito. Se não conseguem vencer lutam pela benesse de cargo público a fim de não perderem os ‘abençoados’ salários que vinham abastecendo seus estufados bolsos. Não raramente acabam conseguindo, porque neste país o povo paga. Observe como tem gente em muitas cidades sem nada fazer há muito tempo e continuam tendo o mesmo padrão de conduta econômica. Visitam obras, trazem e levam recados, não perdem sessões plenárias para serem portadores de informações relevantes para seus ‘patrões’. Em instituições de ensino administradas por dinastia, parece um time de basquete. A cada ‘jogada’ fazem rodízio de cargos e funções. Não admitem perder favores. Nas igrejas isso também é evidente. Você já percebeu como são os grupos que ‘ajudam’ a realização dos cultos religiosos? Mais parecem leões de chácara do que gente humilde a serviço da fé. São verdadeiros guardas até a cabeça armados, mostrando à sociedade que já têm pedaço garantido do céu. Mas não têm. O céu não me parece ser local físico. É um estado de espírito que fica mais perto e mais bonito na medida em que você pratica fraternidade e solidariedade. O seu céu aumenta o brilho na medida em que essas duas virtudes se fermentam. Abandone todo tipo de hipocrisia e seja útil à sociedade nas suas oportunidades que talvez sejam únicas. Não faça dos clubes de serviços trampolins para quaisquer objetivos seus. Seja você mesmo, assim como foi educado pelos seus pais e pelo que aprendeu de bom, sozinho com a vida. Jamais imagine que estar a serviço de qualquer igreja estaria também a serviço de Deus. São coisas distintas. Deus não te perguntará o tamanho da sua fortuna e nem quanto conseguiu economizar durante sua vida. Ele questionará o que fizestes de bom aos outros filhos Dele que colocou do teu lado. O sábio Alexandre, O Grande, filho do imperador Fellipe II, da Macedônia, aluno do não menos importante professor e filósofo grego Aristóteles, quando à beira da morte, convocou os seus generais e relatou seus últimos desejos. Um deles foi para que suas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos. Um de seus generais, admirado com esse desejo insólito, perguntou a Alexandre qual a razão. Alexandre responde: Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias chegamos e de mãos vazias partimos. Jamais prive uma pessoa de esperança, pode ser que ela só tenha isso. Menos ainda use seu tempo e suas palavras com descuido. Nenhuma das duas coisas pode ser recuperada. “Não deixem que lhes roubem a esperança, mas também não a roube de ninguém, pelo contrário, tornemo-nos todos dela portadores”, palavras do Francisco. Professor Manuel Ruiz Filho manuel-ruiz@uol.com.br

O amigo que perdemos

A vida nos prega peças todos os dias. Não é só com pessoas comuns. Também com pessoas especiais. Desta feita levou o Tom Zé, o Viscardi, como queiram. A verdade é que levou um ser humano incrível, uma criatura ímpar. Um coração muito especial para com todos e não apenas com seus amigos. Se amigo é coisa de se guardar do lado esquerdo do peito como disse o poeta, este será guardado. Mas, uma coisa que me chamou a atenção, e já esperávamos por isso, foi ver outro grande amigo, quieto, postado numa cadeira no velório, cabisbaixo, com certeza analisando o tamanho da ausência. De agora em diante, uma singela mesa no Tak bar, bem à beira da porta, vai faltar um importante ser humano. Até me lembrei da linda melodia do Sérgio Bittencourt que diz: “naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele vai doer em nós”. O Toninho, assim como sua esposa e minha ilustríssima amiga o chama, sentiu muito o passamento do amigo, como de muitos outros que já passaram. Eu tinha certeza que o encontraria naquele lugar quando fui ao velório. Tinha absoluta convicção que o Dr. Antônio Fontes estaria naquele pedaço de espaço. Eram amicíssimos. O Toninho não iria abandonar o amigo que partia naquele instante, de forma alguma. Quando encontro o Dr. Fontes na rua e ele com a educação que Deus lhe deu e que ele multiplicou, faz-me referência como se fossemos conhecidos desde a infância. Pena que isso não aconteceu. Se assim o fosse eu teria aprendido mais. Nem parece que ele tenha exercido um cargo tão importante na sociedade brasileira como exerceu, de forma simples e justa. É muito simples o Toninho. Quem o conhece sabe do que estou falando. Por falar de amigos lembrei-me de uma manchete que li dias atrás e dizia que, especificamente na Argentina, foi criada a data comemorativa do dia da amizade pelo médico Enrique Ernesto Febbaro. Essa data é comemorada no dia 20 de julho, dia da chegada do homem à lua em 1969. Ele enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas com o objetivo de instituir o Dia do Amigo. Febbaro considerava a chegada do homem à lua “um feito que demonstra que se o homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis”. Mas isso é apenas um destaque da importância da data, quero mesmo é destacar a amizade do Toninho e do Viscardi, agora, um de cada lado da vida. Com certeza, nem mesmo essa distância vai conseguir apagar os laços de respeito e de amizade que os dois tiveram a graça e a honra de desfrutar. manuel-ruiz@uol.com.br

domingo, julho 28, 2013

Seu nome é Francisco

Francisco de Assis, conhecido como protetor dos animais, foi um jovem rico e adepto dos prazeres da vida. Muito jovem ainda, renunciou à riqueza e passou a pregar a simplicidade e a espiritualidade. Sua célebre frase: “Comece fazendo o necessário, depois o que é possível, e de repente estará fazendo o impossível”, tem o claro significado de esperança. É isso que o outro Francisco, esse dos nossos dias, está fazendo por aqui. Chegou de mansinho, pouco ou nada exigindo. Do contrário, dispensando mordomias de chefes de estado e plantando, pouco a pouco no coração dos jovens e de toda a comunidade brasileira a mais importante das virtudes, a fé. A esperança que Sua Santidade semeia no coração das pessoas é algo indiscutível. Nem mesmo as intempéries do tempo como a chuva e o frio, ninguém arredou o pé. Esse homem se mostra predestinado. Não diz bobagem e descarta qualquer ajuda vinda de políticos de plantão. Nem mesmo o maior deles conseguiu tirar proveito, a não ser postar-se tão somente para filmagens e fotos. Creio que muitos fizeram o possível, ao registrar suas fotos, tirarem do foco quem não merecia aparecer. Francisco veio aqui com a missão de evangelizar a juventude, que há muito tempo vem sendo colocada de lado e discriminada sem saúde, educação e segurança. Jovem, neste país, quando reclama nas ruas por seus direitos de cidadão acaba apanhando. O aprendizado desta visita será de suma importância porque Francisco não veio aqui a passeio. Veio sim, plantar esperança no coração das pessoas. Por nenhum momento falou de sua religião e de seu poder dentro dela, preocupou-se o tempo todo suscitar dentro do coração do povo a fé, a esperança e a solidariedade. Francisco segue os passos de Francisco. São palavras de Francisco de Assis: O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtêm três grandes privilégios: onipotência sem poder, embriaguez sem vinho e vida sem morte. Temos certeza e convicção que aqueles que ainda não haviam decidido sua religiosidade desta vez o fizeram. Francisco não veio conhecer o Brasil. Não veio em missão de governos. Não veio a negócios. Veio iluminar corações. E iluminou de uma forma tão consistente que a luz jamais deixará de brilhar. Muitos farão abstinência de seus males. Libertar-se-ão das amarras das correntes inquebráveis com seu simples esforço, mas agora foram vitalizados pela palavra da fé e da esperança. Sentiram-se fortes e capazes de transpor quaisquer obstáculos em suas vidas. Voltarão à família. Voltarão ao trabalho e com isso farão os resgates do que perderam. Isso os fará nascer de novo. É a ressurreição de uma vida sem rumos. È o restabelecimento da paz dentro do coração das pessoas que já não tinham mais para onde seguir. Seus corações estavam trancados e doentes. Foi só uma questão de Francisco bater em suas portas e de deixá-lo entrar. Volte Francisco, volte outras vezes. Sua missão é divina e seus atos são como remédios para corações doentes. Francisco veio implorar para que a justiça brasileira deixe de ser tão eficiente na hora de condenar os pobres e na hora de absolver corruptos.

Sua Excelência “o doutor”

Muito já se escreveu sobre esse tema - chamar de doutor quem não tem essa titulação!!! Um grande profissional da área do direito escreveu e deixou claro em linhas universais: “Minha recusa ao “doutor” é um ato político”. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”. Foi essa a definição que absorvi desse incontestável jurista. A nossa língua, ferramenta das mais importantes da nossa cultura é que determina como deve ser o que nos rodeia. Ela é maior e mais eficaz que qualquer lei outorgada pelos responsáveis de criá-la. Raríssimas expressões humanas não são impostas pela linguagem. Tão forte é que domesticá-la é praticamente impossível. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no instante seguinte. Nossa língua é coisa viva e só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Afinal, cada tijolo da construção de nossas falhas é ferramenta de análise de psicanalistas. Somos amargamente vigiados por eles. A linguagem é poderosa e massacrante quando se quer subordinar pessoas. Eliane Brum, jornalista e escritora, com prêmios de toda ordem pelos trabalhos de reportagem, comenta que: ”se usamos as palavras para embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão”. Na verdade, esse vocábulo vem de um período da nossa História que Dona Maria (a louca) ‘baixou um alvará’ pelo qual os advogados portugueses teriam de ser tratados como doutores nas Cortes Brasileiras. Então, por uma "lógica" um tanto horripilante, todos os bacharéis do Brasil, magicamente, passariam a ser chamados de doutores. Não é necessária muita inteligência para perceber os erros desse raciocínio. Do ponto de vista acadêmico, doutor é todo aquele universitário que se gradua em determinada área de conhecimento e em seguida adentra, cursa e defende uma tese de doutorado, obedecendo todas as regras cabíveis e exigidas pela legislação brasileira. Entretanto, a tradição faz com que chamemos de doutores os médicos, dentistas, veterinários, advogados, etc., mas isso não os torna doutores de forma alguma. O jurista a quem me referi acima comenta que: “quando coordenador do Curso de Direito tive o desprazer de chamar a atenção de (in) docentes que mentiam aos alunos dessa maneira”. Continua ele: “Eu lhes disse, inclusive, que, em vez de espalharem mentiras ouvidas de outros, melhor seria ensinar seus alunos a escreverem, mas que essa minha esperança não se concretizaria porque nem mesmo eles sabiam escrever”. Há poucos dias atrás, num dos corredores da escola onde trabalho, conversava com uma ilustre colega e amiga, Doutora Valéria Stranghetti, essa sim é doutora como todas as pompas, (doutora em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas em 1996), disse-me ela, que em conversa com um profissional da área médica recebeu o indelicado pedido para que o chamasse de doutor, já que por um momento ela o havia chamado de ‘senhor’. De imediato ela perguntou qual foi o título de sua tese de doutorado. Ele não tinha, é claro. Disse-lhe educadamente minha ilustre amiga: “Bem, de agora em diante quem vai me chamar de doutora é o senhor, porque essa titulação faz parte do meu currículo”. Num exame médico rotineiro de eletroneuromiografia que fiz há poucos dias, fui tão mal atendido por uma profissional da medicina que fiquei estupefato com seu comportamento. Junto a sua assinatura havia um carimbo com dois títulos de especialista, mas não tinha a titulação de doutora. Tratou-me de forma inadequada, grosseira, quando na verdade eu esperava um mínimo de educação, mesmo que por esforço. Confesso ter imaginado como seria o movimento de clientes em seu consultório caso não fosse filiada a algum plano de saúde. Perguntei se havia tido algum problema, dado sua severidade no tratamento comigo. Ela, de pronto respondeu: ‘não estou muito bem hoje’, como se eu tivesse a obrigação de tolerar o seu estado colérico. Achei estranha a resposta, afinal de contas ela não me oferecia o serviço gratuito. Para este cronista, quando se obtém o título de doutor na especificidade que se escolhe é preciso também agregar a essa titulação, doutorado em educação, em boas maneiras, em fineza no trato com estranhos e, sobretudo em humildade. Aí sim, pode-se reconhecer que o doutorado se fez por completo, e o profissional merece com todo respeito a titulação que ostenta.

terça-feira, julho 16, 2013

Meu patrão é meu amigo

Todo patrão deve ser sempre um grande amigo. É assim que penso. Assim foi e continua sendo minha vida profissional. Quando o patrão, por qualquer motivo, se fizer distante, alguém que o representa deve receber, no lugar dele, essa consideração. Se assim não o for, não é patrão, nada mais que um colega de trabalho. Ninguém consegue produzir trabalhando sem essa cumplicidade. O local de trabalho deve ser uma extensão do lar de cada trabalhador. Não tenho dúvida disso que é. Dirigir-se ao trabalho mal-humorado não produz o necessário. Na minha vida profissional tive poucos patrões, mas todos foram merecedores da minha amizade, da minha cumplicidade e do meu respeito. Também o fiz por onde merecer a confiança deles. Sempre trabalhei nas empresas como se minhas elas fossem. Foram eles que me ajudaram a construir meu mundo de realizações. A minha casa é fruto de um trabalho recíproco. Se eu não tivesse tido patrões amigos, talvez não tivesse construído o meu universo. Eles foram peças fundamentais no futuro dos meus filhos. Foi com a remuneração recebida que paguei meus compromissos do dia a dia. Nunca enxerguei os patrões como vilões ou exploradores. Do contrário, foram os ajudantes das minhas conquistas. Não raramente, quem tem colocado divergências ou intrigas nas relações de emprego são os próprios representantes dessas categorias, instigando, muitas vezes, direitos e deveres duvidosos e não fundamentados. Ter emprego, não só constitui recurso com que conta a maioria das pessoas para suprir suas necessidades materiais, como também lhes permite plena integração social. A própria sociedade não contempla louvores a quem não tenha vínculo empregatício. E mais, raríssimas entidades de serviços têm aceitado em sua lista de associados pessoas sem ocupação definida. Nosso trabalho é que nos tem proporcionado a possibilidade de sermos reconhecidos como gente e como família no seio da sociedade. Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno emprego dos dois fatores de produção (capital e trabalho) eram normais porque propiciava na economia, o equilíbrio. John Stuart Mill dizia: "Se pudermos duplicar as forças produtoras de um país, duplicaremos a oferta de bens em todos os mercados, mas ao mesmo tempo duplicaremos o poder aquisitivo para esses bens." Isso só tem sido possível com a combinação dessas duas importantes forças humanas denominadas de patrão e empregado. Qualquer pesquisa que se faça irá mostrar que um ambiente de trabalho sadio possibilita resultados satisfatórios, tanto para patrões quanto para empregados. Uma boa relação entre ambos, decididamente estruturada, será eternamente produtiva evitando transtornos dos mais variados. Não é interessante e, nunca obterá espaço, qualquer tipo de petulância entre essas partes. Toda relação de trabalho deve ser construida de maneira satisfatória, tendo como bandeira a ética e a transparência. Jamais deverá haver, e nas boas relações de emprego não há, situações de prepotência por parte de quem oferece serviço e menos ainda irresponsabilidade e inoperância por parte de quem o assume. Evitar o desperdício é tarefa de quem executa o labor. Na maioria das vezes os patrões estão distantes desses fatores e aos empregados essa distância é menor. Quem manuseia o produto ou serviço é o empregado e por isso ele está diariamente em contato com as possibilidades de prejuizo que o patrão possa ter. A ele cabe policiar qualquer tipo de desperdício. Isso é digno e honrado. Respeite seu patrão incondicionalmente, mesmo que ele pouco mereça. Se ele não merecer, procure outro emprego. Para profissionais competentes a mesa de serviços é farta. Os dirigentes querem funcionários que colaborem nas soluções, especialmente depois de terem sido parte do problema. A responsabilidade de cada empregado não se limita exclusivamente àquela que está na descrição da sua função. Se seu chefe determinar que algo deva ser realizado, ultrapasse esses limites. Essa é sua tarefa. Nunca diga que ‘isso não é problema meu’. O problema na empresa é de todos, e por isso os benefícios também o deverão ser. manuel-ruiz@uol.com.br

terça-feira, julho 09, 2013

O encanto do abraço

As pessoas se relacionam umas com as outras todos os dias, mas não necessariamente se respeitam mutuamente. Muitas vezes se magoam até em troca de nada. Tem gente que se delicia com os tropeços alheios parecendo até que tem imunidade de azares. Isso não é humano, mas é o que se tem visto. Uma palavra amiga não raramente ajuda mais que um medicamento aviado numa receita médica. É tão comum hoje em dia, pessoas debocharem dos outros que até já colocaram o apelido nisso de bulling. O novo Código Civil em vigência desde 11 de janeiro de 2003 trouxe várias mudanças para a sociedade brasileira e é muito claro em suas redações. Quando você provoca um dano material às pessoas e estas alegarem terem sido prejudicadas em decorrência de suas ações ou omissões, a lei garante o direito dos ofendidos serem ressarcidos. Outra novidade também nessa legislação foi a introdução da ofensa por dano moral ou extrapatrimonial presumíveis, não necessitando de comprovação. São os danos causados à pessoa física, mas não físicos ou consequentes de acidentes ou sinistros, são os que ofendem a honra, a moral, as crenças, o afeto, a etnia, a nacionalidade, a naturalidade, a liberdade, a profissão, o bem estar, o crédito ou o bom nome daquela pessoa. Esses danos podem ser provocados por ação ou omissão, podendo ser tanto culposos quanto dolosos. A primeira conduta (culposa) ocorre quando o causador do dano não deseja o resultado final, mas age com imprudência, imperícia ou negligência, como no caso de extravio, roubo ou furto de documentos. O dolo, por sua vez, se verifica nas situações em que o dano experimentado ou sofrido pela vítima foi desejado pelo seu autor, que age ou se omite intencionalmente para que o evento prejudicial aconteça. Quando a conduta é culposa ou dolosa ocasionando dano a alguém, fica o autor obrigado a proceder a indenização, responsabilizado-se pela conduta. Daí o nome ‘responsabilidade’, que para ser diferenciada de outros tipos de incumbências e por estar prevista nas normas do Direito Civil, é denominada de ‘responsabilidade civil’. Mas, eu queria aproveitar a oportunidade para tornar isso mais dócil, falando de um texto que o Alvacir me mandou, (um dos mais queridos amigos da minha infância, filho do senhor Felix). Esse amigo tinha uma canhotinha espetacular quando chutava em direção ao gol – raramente o arqueiro defendia. Vejamos o texto. A ideia desta mensagem é diminuir as possibilidades da pessoa que se imagina inferior, superar-se de forma gratificante. Nós podemos ajudar nisso, observe como não é difícil colaborar. “Minha amiga trabalha em um brechó de um hospital, como voluntária. Certo dia adentrou na loja uma senhora ‘obesa’, e de cara a minha amiga pensou que não tinha nada na loja na numeração dela. Sentiu-se apreensiva e constrangida naquela situação, vendo a senhora percorrer as araras em busca de algo que minha amiga sabia que ela não encontraria. Ficou angustiada, porque não queria que a senhora se sentisse mal pelo tamanho das peças de roupas, se sentindo excluída e fazendo questão do seu sobrepeso vir à tona de forma implícita. Naquele momento minha amiga orou e pediu que a sabedoria lhe impregnasse a alma para conduzir aquela situação evitando que sua cliente se sentisse excluída ou humilhada na sua autoestima. Foi quando o esperado aconteceu. A senhora se dirigiu à minha amiga e lhe disse tristinha: É.... não tem nada grande, não é? E a minha amiga, ainda confusa até aquele instante e sem saber o que diria, simplesmente abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu: - Quem disse??? Claro que tem!!! Olha só o tamanho deste abraço! – E a abraçou com muito carinho. A senhora então se entregou àquele abraço acolhedor e deixou-se tomar pelas lágrimas exclamando: ‘Há quanto tempo que ninguém me dava um abraço’. E chorando, tal qual uma criança a procura de um colo, lhe disse: ‘Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava’. E naquele momento, através dos braços calorosos de minha amiga, Deus afagou a alma daquela criatura, tão carente de amor e de carinho. Quantas almas não se encontram também tão necessitadas de um simples abraço, de uma palavra de carinho, de um gesto de amor! Será que dentro de nós, se procurarmos no nosso baú, lá nas prateleiras da nossa alma, no estoque do nosso coração, também não acharemos um abraço tão ‘grande’ que sirva para alguém?”

domingo, junho 30, 2013

Infância, um filme inesquecível

A vida é um sonho vivido em ‘CinemaScope’... Não sabe o que é isso? Na minha infância, isso era uma tela de cinema bem maior, comparada às que existiam na época, onde cabia toda a cavalaria americana e as tribos indígenas dos apaches, comanches, sioux e peles vermelhas. Tinha uma medida de 35 milímetros como se dizia naquele tempo. Na verdade, nunca entendi o que queria dizer isso, mas era o que se falava. Ficávamos estarrecidos quando aparecia naquele imenso plástico branco índios enfeitados dos pés à cabeça, com a pele toda colorida, todos cheios de penas e cocares. Sentíamos vontade de colocar as mãos para ver se eles eram mesmo de verdade. Era assim a nossa diversão. Era Isso o que tínhamos de melhor. Quando o filme terminava voltávamos imediatamente para casa para não fugir do horário de costume. - Volte assim que terminar o filme - diziam nossos pais. Não fomos criados nesse sistema de hoje, que os filhos saem de casa perto das 23 horas e retornam quando acham convenientes, ou então, depois que terminou o luau (festa noturna que se realiza em lugares baldios, recheados de música, bebidas e danças). Nossa educação sempre foi muito severa, mas em nada atrapalhou as delícias da juventude da época. Não tínhamos celulares, muito menos comíamos esses salgadinhos terríveis, malcheirosos e hermeticamente empacotados com os mais diversos sabores. Comíamos frutas colhidas no fundo do quintal. Banana, goiaba, laranja, mamão e romãs eram nossas sobremesas todos os dias. Maçãs e peras só de vez em quando. Além de serem importadas, eram caras e escassas em cidades de pequeno porte. Aprendíamos logo cedo a obedecer aos mais velhos. Era impossível presenciar um diálogo entre uma criança e um adulto sem que não se ouvisse uma dezena de vez o duplo vocábulo ‘sim senhor’. Na escola éramos obedientes. Nossos professores eram muito respeitados. Aprendíamos muito em casa, tínhamos educação de berço, como se diz hoje. É uma pena que os tempos mudaram tanto. As crianças me parecem iguais, mas a educação que elas têm recebido tem estado longe do mínimo necessário, com respeito às raríssimas exceções. Hoje, centenas de mães chegam às escolas dizendo que não conseguem obrigar seus filhos a fazerem as lições de casa. Reclamam que não conseguem levá-los ao banho. Por outro lado, os filhos não buscam na loja os celulares que usam, não compram sozinhos os pares de tênis de última geração ou a roupa de grife famosa. Foram-lhes comprados pelos pais, sem dúvida. Também é comum hoje, a criança chegar à escola dizendo que seu final de semana foi super legal. Passeou bastante com o namorado da mãe ou com a namorada do pai. Uma criança de 7 a 11 anos tem sua cabecinha confusa com esse tipo de convivência. É claro que seu rendimento na escola não poderá ser dos melhores. Sua educação fica comprometida e depois os pais não “entendem” o porquê da reação dos filhos perante eles ou mesmo a estranhos. Acabam por levá-los aos psicólogos, fonoaudiólogos, psiquiatras, psicanalistas, etc., para que estes ‘atestem’ onde está o erro na criança. Na verdade, a maioria dos erros é educacional, fruto de comportamento dos pais. Professores com vasta experiência percebem as reações anormais da criança. São agressivas com seus coleguinhas, relapsos em seus afazeres, indelicadas às vezes, mas quando têm a atenção merecida, agradecem e se tornam dóceis, porque vê na professora a mãe que não tem, a amiga que não possui ou a santa que o catecismo não pregou. Religiosidade pouco se ensina hoje. Muitos pais imaginam que a religião é um componente que se agrega sozinho. E não é isso. A criança precisa e espera esse tipo de ensinamento. Assim como boas maneiras precisam também ser ensinadas. Tem sido comum ensinar aos filhos o exagero do revide do que a doçura da desculpa. Alguns pais ainda acham que os filhos devam revidar com agressões quando incitados, usar a força em situações de indelicadezas dos colegas. Isso, sem nenhuma dúvida, não só tem repercutido na criança que é hoje, como fará agressivo o ser humano que vem sendo construído. E o que é pior, há pouca tendência de reversão. Esse processo indelicado tem efeito dominó progressivo. Eu sinto saudade do meu tempo de escola onde minha preocupação era aprender a ler e escrever, porque a educação e os bons costumes eu trazia dentro da mochila de casa.

sexta-feira, junho 28, 2013

Brasileiros ao pé da letra

Que coisa estranha, todos ao mesmo tempo reivindicando sonhos. É isso que estão fazendo os jovens brasileiros saindo às ruas. Está me parecendo um ato de amor à Pátria, porque apanham e não desistem. Até parece coisa só de cinema. Deve ser o desejo puro e santo de que seus filhos e netos serão beneficiados. Vivemos ultimamente um solto estado de corrupção. Até parece que ela tem sido motivo de orgulho para grande parte dos eleitos. As manchetes jornalísticas, todos os dias não falam de outra coisa. Parece até que ser corrupto neste país é motivo de orgulho. Felizmente, as redes sociais estão funcionando harmonicamente como as notas sonoras da sinfonia 9 de Ludwid Van Beethoven. Quem diria que essa ferramenta seria utilizada na busca de mudanças estruturais de uma nação! É fundamental que analisemos os acontecimentos de forma correta. Não são vândalos à procura de desordens. Não são desordeiros buscando vantagens individuais. É claro que existem vândalos entre eles, mas esse não é o discurso correto. Vândalos precisam ser penalizados. É preciso moralizar esta Nação. É preciso respeitar a nossa Carta Magna. Honrar cada linha de suas escritas. Quem administra o dinheiro público precisa ter respeito com ele. Grande parte dos brasileiros é punida quando transgride as regras tributárias. O que me leva a pensar, como presta conta à Nação aqueles que saem da classe pobre ou média economicamente falando e se postam entre os 100 mais ricos do mundo, num passe de mágica. Como um salário pode enriquecer uma família toda em tão pouco tempo? Fico a pensar, quais ginásticas fazem essas pessoas com tantas habilidades! E olha que não têm formação acadêmica não. Creio que muitos não sabem sequer onde ficam as escolas. E não é só gente sem escola que abocanha o que é do povo não. Dia desses li uma triste notícia dizendo: “Juiz do Fisco acumula bens de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões) em 30 meses. Salário líquido é de R$ 13.000,00; Justiça bloqueia patrimônio de magistrado da Fazenda Paulista”. Essa notícia foi publicada no jornal “O Estado de São Paulo” dia 10 de junho, caindo como uma bomba na cabeça dos Agentes Fiscais de Rendas paulistas. Procurando entender ainda melhor o escândalo, encontramos outra notícia: “Tribunal suspende autuação milionária”. O Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo livrou o Consórcio Propeno, formado por duas empresas (omito os nomes) de uma cobrança de R$ 270 milhões em ICMS. Imagino eu, quantas escolas ou quantos remédios poderiam ser adquiridos com esse dinheiro para amenizar dores físicas dos brasileiros famintos de sonhos e ricos de miséria! As empresas eram acusadas de deixar de pagar o imposto e de emitir nota fiscal sobre parte das operações realizadas na construção de uma unidade de refino de gás propeno na refinaria da Petrobrás em São José dos Campos. A discussão durou cerca de dois anos e meio. O julgador EFH havia entendido que o contribuinte tinha firmado diversos contratos intermediários e, por isso, defendia a manutenção da autuação. O Auditor da Fazenda Estadual, no entanto, voltou atrás depois. Observe como temos sido vilipendiados por quem tem o poder nas mãos. Será que isso foi ato de amor? De solidariedade? Acho que foi mesmo ato de terrorismo contra a Nação Brasileira. É por isso e por uma infinidade de atos de corrupção que o povo brasileiro está revoltado. E olha que os jovens estão nas ruas reivindicando seriedade à Nação. Isso implica também que estão reclamados direitos daqueles de quem estão apanhando. A isso eu chamo de brasileiros ao pé da letra.