sábado, agosto 10, 2013

Pai... Minha esperança de vida

Pai, eu só tenho cinco aninhos. Eu pouco entendo das coisas que acontecem ao meu redor. Você pode não saber disso agora, mas eu observo, todos os dias, as coisas que você faz. Observo atentamente sua reação com as pessoas que estão a sua volta. Eu procuro entender, mas nem sempre consigo, o modo carinhoso como você trata a mim, a minha mãe e a meu irmão mais velho que já te ajuda com o que ganha no trabalho. Um dia eu também vou te ajudar. A forma como você conduz os problemas, que eu pouco entendo, está tendo um forte impacto em mim. Eu te admiro muito pai. As pessoas sempre dizem que eu tenho muito amor por você e eu sinto isso. Quando chegar o momento de eu ser como você e tiver a minha família, escolher a minha profissão, com certeza, a sua ética que eu pouco sei o que é, mas eu sinto, estará na minha mente para me ajudar a ser bom e ser justo. O tempo que você me dispensa, fazendo brincadeiras comigo, pulando cordas, brincando de amarelinha ou mesmo rolando na grama do nosso quintal, fará com que eu me sinta mais confiante quando eu for adulto. Haverá momentos na minha vida em que terei de ser íntegro como você e talvez eu não tenha certeza de que minhas ideias estejam certas, mas me recordarei de como você defendia aquilo que achava correto, mesmo quando você poderia ter tomado outro caminho. Pai, eu também farei a maioria das escolhas que você faz na sua vida pessoal e profissional. Eu te peço, por todo o amor que tenho por você, nunca tenha medo de me mostrar os seus tropeços e os seus fracassos, eu vou aprender com eles. De uma forma ou de outra serão lições de vida para o meu futuro. Você está me ouvindo, não é pai? Eu continuo te observando. Eu sinto que você realmente acredita naquilo que fala quando se dispõe a me evangelizar. Sinto-me seguro quando ouço de sua boca a fé que deposita na palavra de Deus. Porque eu creio Nele mesmo não entendendo o que significa isso ainda. Pai, eu preciso da sua ajuda para que eu entenda o meu mundo que será pouco diferente do seu, porque eu te copio. Preciso de suas orientações todos os dias para que eu sinta como é viver uma vida com pouca segurança, mas que possa valer a pena. Eu continuo observando você todos os dias, porque me ensina como viver seguro todas as horas, mesmo que isso te possa parecer pouco ainda. Pai, eu te amo, tanto quanto amo a minha Mãe. Mesmo quando eu tiver esse montão de idade que você tem eu continuarei a te ouvir porque sei que você será sempre um caminho a seguir. Mas, nesse dia especial dedicado a você, deixa-me ficar um pouquinho mais dentro do seu meigo coração do que tenho ficado nos outros dias.

quarta-feira, agosto 07, 2013

Dinastia - governo de poucos!

Interessante o significado da palavra dinastia. O dicionário diz que é o poder de mando de uma “série de soberanos pertencentes a uma mesma família”. Mas, nem sempre esse entendimento foi usado como único. Ou melhor, a dinastia só foi usada da forma prescrita no dicionário nos tempos dos soberanos mesmo. Hoje sua aplicação é misturada com sistemas oligárquicos (domínio de classes), que os dicionários dizem ser também o “governo de poucas pessoas, que pertencem ao mesmo partido, classe ou família”. Diz mais: “preponderância duma facção ou de um grupo na direção dos negócios públicos”. Essa definição me parece mais autêntica, pelo menos mais contemporânea. E é sobre isso que eu queria tecer comentário. A preponderância de grandes grupos oligárquicos nos mais diversos seguimentos da sociedade é bastante presente e suas influências nem sempre têm sido muito benéficas. Os discursos de ordem nacional só comentam que nos últimos 10 anos diminuiu a pobreza; que o rendimento econômico das famílias tornou-se igualitário; que o povo vive melhor. Claro, isso nos 10 anos de governo esdrúxulo, por sinal. Mas o que se afirma não é verdade. O povo está aí nas ruas reclamando de corrupção desenfreada, de falta de segurança, de educação cada vez mais decadente e a saúde cada vez mais doente. Moradia, até que o governo está com planos de melhoria, mas já se fala em corrupção de construtora e do agente financiador. Entretanto, com segurança, saúde e educação as brechas das negociatas são relativamente pequenas. Os noticiários jornalísticos e televisivos não dizem outra coisa. O pior é que a impunidade neste país é latente e continuará sendo nosso grande desafio. O crime dominou as manchetes informativas. Nas esferas administrativas federal, estadual e municipal, os eleitos fazem questão de aproveitar fendas da lei para se reelegerem, mesmo quando os quatro primeiros anos foram desastres. Ninguém abre mão da reeleição, disso todo mundo sabe. Quando a lei autoriza mais de dois mandatos, dificilmente se perde a oportunidade. A grande maioria dos pretendentes a cargos públicos trabalha 50% de seus mandatos tentando cumprir o que prometeram e o restante preparam-se para o próximo pleito. Se não conseguem vencer lutam pela benesse de cargo público a fim de não perderem os ‘abençoados’ salários que vinham abastecendo seus estufados bolsos. Não raramente acabam conseguindo, porque neste país o povo paga. Observe como tem gente em muitas cidades sem nada fazer há muito tempo e continuam tendo o mesmo padrão de conduta econômica. Visitam obras, trazem e levam recados, não perdem sessões plenárias para serem portadores de informações relevantes para seus ‘patrões’. Em instituições de ensino administradas por dinastia, parece um time de basquete. A cada ‘jogada’ fazem rodízio de cargos e funções. Não admitem perder favores. Nas igrejas isso também é evidente. Você já percebeu como são os grupos que ‘ajudam’ a realização dos cultos religiosos? Mais parecem leões de chácara do que gente humilde a serviço da fé. São verdadeiros guardas até a cabeça armados, mostrando à sociedade que já têm pedaço garantido do céu. Mas não têm. O céu não me parece ser local físico. É um estado de espírito que fica mais perto e mais bonito na medida em que você pratica fraternidade e solidariedade. O seu céu aumenta o brilho na medida em que essas duas virtudes se fermentam. Abandone todo tipo de hipocrisia e seja útil à sociedade nas suas oportunidades que talvez sejam únicas. Não faça dos clubes de serviços trampolins para quaisquer objetivos seus. Seja você mesmo, assim como foi educado pelos seus pais e pelo que aprendeu de bom, sozinho com a vida. Jamais imagine que estar a serviço de qualquer igreja estaria também a serviço de Deus. São coisas distintas. Deus não te perguntará o tamanho da sua fortuna e nem quanto conseguiu economizar durante sua vida. Ele questionará o que fizestes de bom aos outros filhos Dele que colocou do teu lado. O sábio Alexandre, O Grande, filho do imperador Fellipe II, da Macedônia, aluno do não menos importante professor e filósofo grego Aristóteles, quando à beira da morte, convocou os seus generais e relatou seus últimos desejos. Um deles foi para que suas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos. Um de seus generais, admirado com esse desejo insólito, perguntou a Alexandre qual a razão. Alexandre responde: Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias chegamos e de mãos vazias partimos. Jamais prive uma pessoa de esperança, pode ser que ela só tenha isso. Menos ainda use seu tempo e suas palavras com descuido. Nenhuma das duas coisas pode ser recuperada. “Não deixem que lhes roubem a esperança, mas também não a roube de ninguém, pelo contrário, tornemo-nos todos dela portadores”, palavras do Francisco. Professor Manuel Ruiz Filho manuel-ruiz@uol.com.br

O amigo que perdemos

A vida nos prega peças todos os dias. Não é só com pessoas comuns. Também com pessoas especiais. Desta feita levou o Tom Zé, o Viscardi, como queiram. A verdade é que levou um ser humano incrível, uma criatura ímpar. Um coração muito especial para com todos e não apenas com seus amigos. Se amigo é coisa de se guardar do lado esquerdo do peito como disse o poeta, este será guardado. Mas, uma coisa que me chamou a atenção, e já esperávamos por isso, foi ver outro grande amigo, quieto, postado numa cadeira no velório, cabisbaixo, com certeza analisando o tamanho da ausência. De agora em diante, uma singela mesa no Tak bar, bem à beira da porta, vai faltar um importante ser humano. Até me lembrei da linda melodia do Sérgio Bittencourt que diz: “naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele vai doer em nós”. O Toninho, assim como sua esposa e minha ilustríssima amiga o chama, sentiu muito o passamento do amigo, como de muitos outros que já passaram. Eu tinha certeza que o encontraria naquele lugar quando fui ao velório. Tinha absoluta convicção que o Dr. Antônio Fontes estaria naquele pedaço de espaço. Eram amicíssimos. O Toninho não iria abandonar o amigo que partia naquele instante, de forma alguma. Quando encontro o Dr. Fontes na rua e ele com a educação que Deus lhe deu e que ele multiplicou, faz-me referência como se fossemos conhecidos desde a infância. Pena que isso não aconteceu. Se assim o fosse eu teria aprendido mais. Nem parece que ele tenha exercido um cargo tão importante na sociedade brasileira como exerceu, de forma simples e justa. É muito simples o Toninho. Quem o conhece sabe do que estou falando. Por falar de amigos lembrei-me de uma manchete que li dias atrás e dizia que, especificamente na Argentina, foi criada a data comemorativa do dia da amizade pelo médico Enrique Ernesto Febbaro. Essa data é comemorada no dia 20 de julho, dia da chegada do homem à lua em 1969. Ele enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas com o objetivo de instituir o Dia do Amigo. Febbaro considerava a chegada do homem à lua “um feito que demonstra que se o homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis”. Mas isso é apenas um destaque da importância da data, quero mesmo é destacar a amizade do Toninho e do Viscardi, agora, um de cada lado da vida. Com certeza, nem mesmo essa distância vai conseguir apagar os laços de respeito e de amizade que os dois tiveram a graça e a honra de desfrutar. manuel-ruiz@uol.com.br