domingo, julho 28, 2013

Seu nome é Francisco

Francisco de Assis, conhecido como protetor dos animais, foi um jovem rico e adepto dos prazeres da vida. Muito jovem ainda, renunciou à riqueza e passou a pregar a simplicidade e a espiritualidade. Sua célebre frase: “Comece fazendo o necessário, depois o que é possível, e de repente estará fazendo o impossível”, tem o claro significado de esperança. É isso que o outro Francisco, esse dos nossos dias, está fazendo por aqui. Chegou de mansinho, pouco ou nada exigindo. Do contrário, dispensando mordomias de chefes de estado e plantando, pouco a pouco no coração dos jovens e de toda a comunidade brasileira a mais importante das virtudes, a fé. A esperança que Sua Santidade semeia no coração das pessoas é algo indiscutível. Nem mesmo as intempéries do tempo como a chuva e o frio, ninguém arredou o pé. Esse homem se mostra predestinado. Não diz bobagem e descarta qualquer ajuda vinda de políticos de plantão. Nem mesmo o maior deles conseguiu tirar proveito, a não ser postar-se tão somente para filmagens e fotos. Creio que muitos fizeram o possível, ao registrar suas fotos, tirarem do foco quem não merecia aparecer. Francisco veio aqui com a missão de evangelizar a juventude, que há muito tempo vem sendo colocada de lado e discriminada sem saúde, educação e segurança. Jovem, neste país, quando reclama nas ruas por seus direitos de cidadão acaba apanhando. O aprendizado desta visita será de suma importância porque Francisco não veio aqui a passeio. Veio sim, plantar esperança no coração das pessoas. Por nenhum momento falou de sua religião e de seu poder dentro dela, preocupou-se o tempo todo suscitar dentro do coração do povo a fé, a esperança e a solidariedade. Francisco segue os passos de Francisco. São palavras de Francisco de Assis: O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtêm três grandes privilégios: onipotência sem poder, embriaguez sem vinho e vida sem morte. Temos certeza e convicção que aqueles que ainda não haviam decidido sua religiosidade desta vez o fizeram. Francisco não veio conhecer o Brasil. Não veio em missão de governos. Não veio a negócios. Veio iluminar corações. E iluminou de uma forma tão consistente que a luz jamais deixará de brilhar. Muitos farão abstinência de seus males. Libertar-se-ão das amarras das correntes inquebráveis com seu simples esforço, mas agora foram vitalizados pela palavra da fé e da esperança. Sentiram-se fortes e capazes de transpor quaisquer obstáculos em suas vidas. Voltarão à família. Voltarão ao trabalho e com isso farão os resgates do que perderam. Isso os fará nascer de novo. É a ressurreição de uma vida sem rumos. È o restabelecimento da paz dentro do coração das pessoas que já não tinham mais para onde seguir. Seus corações estavam trancados e doentes. Foi só uma questão de Francisco bater em suas portas e de deixá-lo entrar. Volte Francisco, volte outras vezes. Sua missão é divina e seus atos são como remédios para corações doentes. Francisco veio implorar para que a justiça brasileira deixe de ser tão eficiente na hora de condenar os pobres e na hora de absolver corruptos.

Sua Excelência “o doutor”

Muito já se escreveu sobre esse tema - chamar de doutor quem não tem essa titulação!!! Um grande profissional da área do direito escreveu e deixou claro em linhas universais: “Minha recusa ao “doutor” é um ato político”. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”. Foi essa a definição que absorvi desse incontestável jurista. A nossa língua, ferramenta das mais importantes da nossa cultura é que determina como deve ser o que nos rodeia. Ela é maior e mais eficaz que qualquer lei outorgada pelos responsáveis de criá-la. Raríssimas expressões humanas não são impostas pela linguagem. Tão forte é que domesticá-la é praticamente impossível. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no instante seguinte. Nossa língua é coisa viva e só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Afinal, cada tijolo da construção de nossas falhas é ferramenta de análise de psicanalistas. Somos amargamente vigiados por eles. A linguagem é poderosa e massacrante quando se quer subordinar pessoas. Eliane Brum, jornalista e escritora, com prêmios de toda ordem pelos trabalhos de reportagem, comenta que: ”se usamos as palavras para embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão”. Na verdade, esse vocábulo vem de um período da nossa História que Dona Maria (a louca) ‘baixou um alvará’ pelo qual os advogados portugueses teriam de ser tratados como doutores nas Cortes Brasileiras. Então, por uma "lógica" um tanto horripilante, todos os bacharéis do Brasil, magicamente, passariam a ser chamados de doutores. Não é necessária muita inteligência para perceber os erros desse raciocínio. Do ponto de vista acadêmico, doutor é todo aquele universitário que se gradua em determinada área de conhecimento e em seguida adentra, cursa e defende uma tese de doutorado, obedecendo todas as regras cabíveis e exigidas pela legislação brasileira. Entretanto, a tradição faz com que chamemos de doutores os médicos, dentistas, veterinários, advogados, etc., mas isso não os torna doutores de forma alguma. O jurista a quem me referi acima comenta que: “quando coordenador do Curso de Direito tive o desprazer de chamar a atenção de (in) docentes que mentiam aos alunos dessa maneira”. Continua ele: “Eu lhes disse, inclusive, que, em vez de espalharem mentiras ouvidas de outros, melhor seria ensinar seus alunos a escreverem, mas que essa minha esperança não se concretizaria porque nem mesmo eles sabiam escrever”. Há poucos dias atrás, num dos corredores da escola onde trabalho, conversava com uma ilustre colega e amiga, Doutora Valéria Stranghetti, essa sim é doutora como todas as pompas, (doutora em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas em 1996), disse-me ela, que em conversa com um profissional da área médica recebeu o indelicado pedido para que o chamasse de doutor, já que por um momento ela o havia chamado de ‘senhor’. De imediato ela perguntou qual foi o título de sua tese de doutorado. Ele não tinha, é claro. Disse-lhe educadamente minha ilustre amiga: “Bem, de agora em diante quem vai me chamar de doutora é o senhor, porque essa titulação faz parte do meu currículo”. Num exame médico rotineiro de eletroneuromiografia que fiz há poucos dias, fui tão mal atendido por uma profissional da medicina que fiquei estupefato com seu comportamento. Junto a sua assinatura havia um carimbo com dois títulos de especialista, mas não tinha a titulação de doutora. Tratou-me de forma inadequada, grosseira, quando na verdade eu esperava um mínimo de educação, mesmo que por esforço. Confesso ter imaginado como seria o movimento de clientes em seu consultório caso não fosse filiada a algum plano de saúde. Perguntei se havia tido algum problema, dado sua severidade no tratamento comigo. Ela, de pronto respondeu: ‘não estou muito bem hoje’, como se eu tivesse a obrigação de tolerar o seu estado colérico. Achei estranha a resposta, afinal de contas ela não me oferecia o serviço gratuito. Para este cronista, quando se obtém o título de doutor na especificidade que se escolhe é preciso também agregar a essa titulação, doutorado em educação, em boas maneiras, em fineza no trato com estranhos e, sobretudo em humildade. Aí sim, pode-se reconhecer que o doutorado se fez por completo, e o profissional merece com todo respeito a titulação que ostenta.

terça-feira, julho 16, 2013

Meu patrão é meu amigo

Todo patrão deve ser sempre um grande amigo. É assim que penso. Assim foi e continua sendo minha vida profissional. Quando o patrão, por qualquer motivo, se fizer distante, alguém que o representa deve receber, no lugar dele, essa consideração. Se assim não o for, não é patrão, nada mais que um colega de trabalho. Ninguém consegue produzir trabalhando sem essa cumplicidade. O local de trabalho deve ser uma extensão do lar de cada trabalhador. Não tenho dúvida disso que é. Dirigir-se ao trabalho mal-humorado não produz o necessário. Na minha vida profissional tive poucos patrões, mas todos foram merecedores da minha amizade, da minha cumplicidade e do meu respeito. Também o fiz por onde merecer a confiança deles. Sempre trabalhei nas empresas como se minhas elas fossem. Foram eles que me ajudaram a construir meu mundo de realizações. A minha casa é fruto de um trabalho recíproco. Se eu não tivesse tido patrões amigos, talvez não tivesse construído o meu universo. Eles foram peças fundamentais no futuro dos meus filhos. Foi com a remuneração recebida que paguei meus compromissos do dia a dia. Nunca enxerguei os patrões como vilões ou exploradores. Do contrário, foram os ajudantes das minhas conquistas. Não raramente, quem tem colocado divergências ou intrigas nas relações de emprego são os próprios representantes dessas categorias, instigando, muitas vezes, direitos e deveres duvidosos e não fundamentados. Ter emprego, não só constitui recurso com que conta a maioria das pessoas para suprir suas necessidades materiais, como também lhes permite plena integração social. A própria sociedade não contempla louvores a quem não tenha vínculo empregatício. E mais, raríssimas entidades de serviços têm aceitado em sua lista de associados pessoas sem ocupação definida. Nosso trabalho é que nos tem proporcionado a possibilidade de sermos reconhecidos como gente e como família no seio da sociedade. Os economistas clássicos entendiam que o estado de pleno emprego dos dois fatores de produção (capital e trabalho) eram normais porque propiciava na economia, o equilíbrio. John Stuart Mill dizia: "Se pudermos duplicar as forças produtoras de um país, duplicaremos a oferta de bens em todos os mercados, mas ao mesmo tempo duplicaremos o poder aquisitivo para esses bens." Isso só tem sido possível com a combinação dessas duas importantes forças humanas denominadas de patrão e empregado. Qualquer pesquisa que se faça irá mostrar que um ambiente de trabalho sadio possibilita resultados satisfatórios, tanto para patrões quanto para empregados. Uma boa relação entre ambos, decididamente estruturada, será eternamente produtiva evitando transtornos dos mais variados. Não é interessante e, nunca obterá espaço, qualquer tipo de petulância entre essas partes. Toda relação de trabalho deve ser construida de maneira satisfatória, tendo como bandeira a ética e a transparência. Jamais deverá haver, e nas boas relações de emprego não há, situações de prepotência por parte de quem oferece serviço e menos ainda irresponsabilidade e inoperância por parte de quem o assume. Evitar o desperdício é tarefa de quem executa o labor. Na maioria das vezes os patrões estão distantes desses fatores e aos empregados essa distância é menor. Quem manuseia o produto ou serviço é o empregado e por isso ele está diariamente em contato com as possibilidades de prejuizo que o patrão possa ter. A ele cabe policiar qualquer tipo de desperdício. Isso é digno e honrado. Respeite seu patrão incondicionalmente, mesmo que ele pouco mereça. Se ele não merecer, procure outro emprego. Para profissionais competentes a mesa de serviços é farta. Os dirigentes querem funcionários que colaborem nas soluções, especialmente depois de terem sido parte do problema. A responsabilidade de cada empregado não se limita exclusivamente àquela que está na descrição da sua função. Se seu chefe determinar que algo deva ser realizado, ultrapasse esses limites. Essa é sua tarefa. Nunca diga que ‘isso não é problema meu’. O problema na empresa é de todos, e por isso os benefícios também o deverão ser. manuel-ruiz@uol.com.br

terça-feira, julho 09, 2013

O encanto do abraço

As pessoas se relacionam umas com as outras todos os dias, mas não necessariamente se respeitam mutuamente. Muitas vezes se magoam até em troca de nada. Tem gente que se delicia com os tropeços alheios parecendo até que tem imunidade de azares. Isso não é humano, mas é o que se tem visto. Uma palavra amiga não raramente ajuda mais que um medicamento aviado numa receita médica. É tão comum hoje em dia, pessoas debocharem dos outros que até já colocaram o apelido nisso de bulling. O novo Código Civil em vigência desde 11 de janeiro de 2003 trouxe várias mudanças para a sociedade brasileira e é muito claro em suas redações. Quando você provoca um dano material às pessoas e estas alegarem terem sido prejudicadas em decorrência de suas ações ou omissões, a lei garante o direito dos ofendidos serem ressarcidos. Outra novidade também nessa legislação foi a introdução da ofensa por dano moral ou extrapatrimonial presumíveis, não necessitando de comprovação. São os danos causados à pessoa física, mas não físicos ou consequentes de acidentes ou sinistros, são os que ofendem a honra, a moral, as crenças, o afeto, a etnia, a nacionalidade, a naturalidade, a liberdade, a profissão, o bem estar, o crédito ou o bom nome daquela pessoa. Esses danos podem ser provocados por ação ou omissão, podendo ser tanto culposos quanto dolosos. A primeira conduta (culposa) ocorre quando o causador do dano não deseja o resultado final, mas age com imprudência, imperícia ou negligência, como no caso de extravio, roubo ou furto de documentos. O dolo, por sua vez, se verifica nas situações em que o dano experimentado ou sofrido pela vítima foi desejado pelo seu autor, que age ou se omite intencionalmente para que o evento prejudicial aconteça. Quando a conduta é culposa ou dolosa ocasionando dano a alguém, fica o autor obrigado a proceder a indenização, responsabilizado-se pela conduta. Daí o nome ‘responsabilidade’, que para ser diferenciada de outros tipos de incumbências e por estar prevista nas normas do Direito Civil, é denominada de ‘responsabilidade civil’. Mas, eu queria aproveitar a oportunidade para tornar isso mais dócil, falando de um texto que o Alvacir me mandou, (um dos mais queridos amigos da minha infância, filho do senhor Felix). Esse amigo tinha uma canhotinha espetacular quando chutava em direção ao gol – raramente o arqueiro defendia. Vejamos o texto. A ideia desta mensagem é diminuir as possibilidades da pessoa que se imagina inferior, superar-se de forma gratificante. Nós podemos ajudar nisso, observe como não é difícil colaborar. “Minha amiga trabalha em um brechó de um hospital, como voluntária. Certo dia adentrou na loja uma senhora ‘obesa’, e de cara a minha amiga pensou que não tinha nada na loja na numeração dela. Sentiu-se apreensiva e constrangida naquela situação, vendo a senhora percorrer as araras em busca de algo que minha amiga sabia que ela não encontraria. Ficou angustiada, porque não queria que a senhora se sentisse mal pelo tamanho das peças de roupas, se sentindo excluída e fazendo questão do seu sobrepeso vir à tona de forma implícita. Naquele momento minha amiga orou e pediu que a sabedoria lhe impregnasse a alma para conduzir aquela situação evitando que sua cliente se sentisse excluída ou humilhada na sua autoestima. Foi quando o esperado aconteceu. A senhora se dirigiu à minha amiga e lhe disse tristinha: É.... não tem nada grande, não é? E a minha amiga, ainda confusa até aquele instante e sem saber o que diria, simplesmente abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu: - Quem disse??? Claro que tem!!! Olha só o tamanho deste abraço! – E a abraçou com muito carinho. A senhora então se entregou àquele abraço acolhedor e deixou-se tomar pelas lágrimas exclamando: ‘Há quanto tempo que ninguém me dava um abraço’. E chorando, tal qual uma criança a procura de um colo, lhe disse: ‘Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava’. E naquele momento, através dos braços calorosos de minha amiga, Deus afagou a alma daquela criatura, tão carente de amor e de carinho. Quantas almas não se encontram também tão necessitadas de um simples abraço, de uma palavra de carinho, de um gesto de amor! Será que dentro de nós, se procurarmos no nosso baú, lá nas prateleiras da nossa alma, no estoque do nosso coração, também não acharemos um abraço tão ‘grande’ que sirva para alguém?”