quarta-feira, agosto 07, 2013

Dinastia - governo de poucos!

Interessante o significado da palavra dinastia. O dicionário diz que é o poder de mando de uma “série de soberanos pertencentes a uma mesma família”. Mas, nem sempre esse entendimento foi usado como único. Ou melhor, a dinastia só foi usada da forma prescrita no dicionário nos tempos dos soberanos mesmo. Hoje sua aplicação é misturada com sistemas oligárquicos (domínio de classes), que os dicionários dizem ser também o “governo de poucas pessoas, que pertencem ao mesmo partido, classe ou família”. Diz mais: “preponderância duma facção ou de um grupo na direção dos negócios públicos”. Essa definição me parece mais autêntica, pelo menos mais contemporânea. E é sobre isso que eu queria tecer comentário. A preponderância de grandes grupos oligárquicos nos mais diversos seguimentos da sociedade é bastante presente e suas influências nem sempre têm sido muito benéficas. Os discursos de ordem nacional só comentam que nos últimos 10 anos diminuiu a pobreza; que o rendimento econômico das famílias tornou-se igualitário; que o povo vive melhor. Claro, isso nos 10 anos de governo esdrúxulo, por sinal. Mas o que se afirma não é verdade. O povo está aí nas ruas reclamando de corrupção desenfreada, de falta de segurança, de educação cada vez mais decadente e a saúde cada vez mais doente. Moradia, até que o governo está com planos de melhoria, mas já se fala em corrupção de construtora e do agente financiador. Entretanto, com segurança, saúde e educação as brechas das negociatas são relativamente pequenas. Os noticiários jornalísticos e televisivos não dizem outra coisa. O pior é que a impunidade neste país é latente e continuará sendo nosso grande desafio. O crime dominou as manchetes informativas. Nas esferas administrativas federal, estadual e municipal, os eleitos fazem questão de aproveitar fendas da lei para se reelegerem, mesmo quando os quatro primeiros anos foram desastres. Ninguém abre mão da reeleição, disso todo mundo sabe. Quando a lei autoriza mais de dois mandatos, dificilmente se perde a oportunidade. A grande maioria dos pretendentes a cargos públicos trabalha 50% de seus mandatos tentando cumprir o que prometeram e o restante preparam-se para o próximo pleito. Se não conseguem vencer lutam pela benesse de cargo público a fim de não perderem os ‘abençoados’ salários que vinham abastecendo seus estufados bolsos. Não raramente acabam conseguindo, porque neste país o povo paga. Observe como tem gente em muitas cidades sem nada fazer há muito tempo e continuam tendo o mesmo padrão de conduta econômica. Visitam obras, trazem e levam recados, não perdem sessões plenárias para serem portadores de informações relevantes para seus ‘patrões’. Em instituições de ensino administradas por dinastia, parece um time de basquete. A cada ‘jogada’ fazem rodízio de cargos e funções. Não admitem perder favores. Nas igrejas isso também é evidente. Você já percebeu como são os grupos que ‘ajudam’ a realização dos cultos religiosos? Mais parecem leões de chácara do que gente humilde a serviço da fé. São verdadeiros guardas até a cabeça armados, mostrando à sociedade que já têm pedaço garantido do céu. Mas não têm. O céu não me parece ser local físico. É um estado de espírito que fica mais perto e mais bonito na medida em que você pratica fraternidade e solidariedade. O seu céu aumenta o brilho na medida em que essas duas virtudes se fermentam. Abandone todo tipo de hipocrisia e seja útil à sociedade nas suas oportunidades que talvez sejam únicas. Não faça dos clubes de serviços trampolins para quaisquer objetivos seus. Seja você mesmo, assim como foi educado pelos seus pais e pelo que aprendeu de bom, sozinho com a vida. Jamais imagine que estar a serviço de qualquer igreja estaria também a serviço de Deus. São coisas distintas. Deus não te perguntará o tamanho da sua fortuna e nem quanto conseguiu economizar durante sua vida. Ele questionará o que fizestes de bom aos outros filhos Dele que colocou do teu lado. O sábio Alexandre, O Grande, filho do imperador Fellipe II, da Macedônia, aluno do não menos importante professor e filósofo grego Aristóteles, quando à beira da morte, convocou os seus generais e relatou seus últimos desejos. Um deles foi para que suas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos. Um de seus generais, admirado com esse desejo insólito, perguntou a Alexandre qual a razão. Alexandre responde: Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias chegamos e de mãos vazias partimos. Jamais prive uma pessoa de esperança, pode ser que ela só tenha isso. Menos ainda use seu tempo e suas palavras com descuido. Nenhuma das duas coisas pode ser recuperada. “Não deixem que lhes roubem a esperança, mas também não a roube de ninguém, pelo contrário, tornemo-nos todos dela portadores”, palavras do Francisco. Professor Manuel Ruiz Filho manuel-ruiz@uol.com.br

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