domingo, outubro 13, 2013

Uma inesquecível viagem

Jamais se pode imaginar em que data cada criatura chega neste mundo e nem temos ideia quando cada um arruma suas malas e dele se vai. Uma coisa é certa, cada uma das viagens será recheada por lampejos de coisas inigualáveis. Nem é preciso definir que tipo de veículo será utilizado nessa viagem, mas sabemos que no banco do piloto estaremos sentados. O número de assentos pouco importa, mas de antemão sabemos que todos serão ocupados por pessoas das mais fantásticas qualidades. Dessa turma que nos acompanham dois dela é a razão da nossa existência – nossos queridos e amados pais. São os mais importantes dessa brilhante jornada porque em obediência às regras do tempo serão os primeiros a descer. Claro que a regra é geral, mas as exceções são inúmeras. Na verdade, são os pais que colocam os filhos no banco do veículo, entretanto, assim que o veículo começa a se movimentar pode acontecer que um deles, inevitavelmente, venha a descer. Muitas vezes não nos acompanham nessa caminhada e a triste separação se torna prematura. Quantas mães não morrem no parto de seus filhos sem poderem sequer desfrutar de um pequeno percurso. Nosso passeio começa quando a ignição do nosso tempo é acionada, mas é evidente que nesse trajeto algumas pessoas já participam há muito tempo e por isso, acabamos por ser mais um passageiro no veículo de todos. Assim que o percurso é iniciado outras pessoas vão se juntando e se apossando dos assentos que ficam relativamente perto da gente. Alguns deles são utilizados inevitavelmente pelos parentes mais próximos. Neles viajam nossos avós, irmãos, tios, sobrinhos e primos. Às pessoas dóceis e que muito amamos, também costumamos reservar assentos bem perto, são os amigos verdadeiros, tão queridos quanto os consanguíneos. Alguns deles nos perguntam quase todos os dias dos nossos problemas e se estamos com falta de alguma coisa. Durante nossa viagem um enorme número de assentos acaba por ficar vagos segundo uma ordem divina de desocupação e nesses desocupados lugares outras pessoas se sentam, porque de alguma forma passam a fazer parte da nossa vida durante o transcurso. Para um rápido descanso de viagem, às vezes paramos. Nessa pausa, muitos passageiros descem e não mais retornam. Alguns porque não querem mais prosseguir conosco, outros porque não podem mais prosseguir, outros ainda, porque nós não os queremos mais. Isso é fato frequente e acontece quando nosso quotidiano merece análise para estabelecer os novos rumos de quem segue e quem fica. Os que seguem, com certeza colaboraram na melhoria do percurso ajudando-nos aliviar pontos críticos da jornada. Os que ficam algum motivo justificou a exclusão. Na viagem aprendemos muito por influência de todos. O veículo que nos transporta é cheio de equipamentos complicados, coisas eletrônicas e mecânicas que nem sempre temos habilidades compatíveis com suas exigências. A propósito, um dos significativos equipamentos de uso se chama perdão. Que coisa difícil lidar com isso. São claras as situações que não podemos deixar que os passageiros acionem esse equipamento primeiro que nós, porque é nossa vez de usá-lo. Nós é que estamos na direção do veículo. O perdão não pertence a manuseio de ninguém antes de você. Quando utilizamos essa preciosa ferramenta dificilmente nosso veículo reclama conserto. Do lado direito desse equipamento tem outro tão importante quanto, que se chama humildade. Também é difícil seu manuseio. Este se encontra acoplado ao dispositivo da religiosidade, o que poucos dominam. Nos casos em que é preciso utilizar-se dos freios bruscamente e para que o veículo não saia da rota é necessário alavancar um novo equipamento chamado sensatez, que funciona como um filtro de possibilidades, mas nem todos os veículos o possuem. Enfim, nossa viagem nesse fantástico instrumento de locomoção não é muito fácil, porque tem equipamentos que poucos motoristas conhecem. O painel é bastante iluminado por causa da tremenda luz refletida pelos dispositivos da educação, da fidelidade, do respeito, da sinceridade e da sabedoria. Tem tantos equipamentos que não me recordo de todos. É difícil entender como é possível dirigir o nosso veículo como piloto principal e ao mesmo tempo sermos passageiros de outros veículos. Ora como pai, ora como filho, ora como irmão, como tio ou sobrinho e muitas vezes, como o melhor amigo do motorista. Só mesmo Deus pode explicar a magia desse trânsito louco. Felizmente, disso Ele entende.

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