quinta-feira, março 20, 2014

Ele doou tudo que tinha

Perguntas ecoavam por todos os cantos do Oriente Médio, região hoje denominada de Palestina. Os senhores da situação e donos do tempo constantemente perguntavam: Quem é esse homem? De onde ele veio? Não podemos acreditar que essa criatura tão estranha, tão cheia de exigências possa vir mudar o rumo das coisas! O que pensa ele que é? Um predestinado? Um salvador da Humanidade? Como pode uma criatura valorizar tanto as mulheres, os escravos e as crianças? Deu às mulheres religião e respeito, também o direito a testemunharem, condição negada até então. E mais, sacou-lhes da condenação à ignorância. Expulsou vendilhões dos templos, restituiu aos sábados, dia impróprio a qualquer atividade, a saúde de leprosos e paralíticos, aos cegos restituiu-lhes a luz e aos mudos o dom da palavra! Esse cidadão não se defende quando o insultam, onde está seu brilho? Pois é, foi ele mesmo que fez uma oferenda das mais significativas que se possa conhecer. No momento de sua despedida entregou às pessoas que lhes eram próximas todos os seus pertences, orientando como cada um deles deveriam ser aproveitados. Disse Jesus de Nazaré: “Vendo próxima a minha hora e estando na posse de minhas plenas faculdades para consumar a minha vontade, desejo repartir meus bens entre as pessoas que me são próximas. Assim, creio ser conveniente dividir com todos, deixando-lhes tudo que esteve presente em minha vida de forma significativa desde o meu nascimento. A ‘estrela guia’ deixo aos que estão desorientados e necessitam verem claros seus redores para continuarem em frente e a todo aquele que desejar ser guiado ou servir de guia. O lugar da ‘manjedoura’, deixo aos que não têm nada, nem sequer um local para se albergar ou um fogo onde possam se acalentar e falar com um amigo. As minhas ‘sandálias’ deixo àqueles que desejarem empreender uma caminhada sempre dispostos a plantar, sem mesmo saberem se a colheita poderá ser feita. A ‘bacia’ onde lavei os pés, deixo para quem quiser servir, para quem desejar ser pequeno diante dos homens, porque será grande diante dos olhos de meu Pai. O ‘prato’ onde parti o pão é para os que se propõem viver em fraternidade e para os que estiverem dispostos a amar, acima de tudo e a todos. O ‘cálice’, eu deixo aos que estiverem sedentos de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa. A ‘cruz’, eu doou para todo aquele que estiver disposto a carregá-la e suportá-la nos ombros até que venham a mim. Minha ‘túnica’ eu deixo para os que saibam reparti-la com quem dela necessitar. Também quero deixar como legado a humanidade inteira as atitudes que sempre me guiaram na vida. A ‘minha palavra’ e o ‘ensinamento’ que me foram confiados pelo meu Pai servirá a todo aquele que bem a escutar e a puser em prática. Minha ‘alegria’ eu doo a todos os que desejarem vivê-la, assim como faço com a ‘humildade’ que foi a bandeira utilizada por toda minha existência. De coração, doo a quem estiver disposto a trabalhar em favor de cada um dos meus irmãos. Doou ainda, o meu ‘ombro’ a todo aquele que necessite de um amigo em quem possa reclinar sua cabeça abatida pelo cansaço. O meu ‘perdão’, eu doo para todo aquele que dia após dia, pecado após pecado, tenha força e vontade para retornar ao Pai. Amo a todos, mas sinto especial predileção pelos mais débeis. Deixo a eles a minha vida. Enfim, sou eu mesmo que fico convosco para continuarmos a caminhada juntos, partilhando preocupações, problemas e alegrias. Eu sou a vida, mas vós podeis transmiti-la a quem dela precise. Mantenham-se unidos e amem-se de verdade. Eu vos amei até ao extremo e vos levo no meu coração. Eis que estarei convosco todos os dias até o final de todos os tempos”.

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