As pessoas só conseguem enxergar as coisas obedecendo a sua ótica de
visão, respeitando seus próprios interesses. Acho isso próprio do ser humano.
Mas não deveria ser tão somente assim. É muito importante saber entender também
a forma que os outros enxergam. De agora em diante passe a observar melhor seu próprio
jeito. Não te parece que o mundo sorri apenas para você? Não tem a impressão
que os que te cercam sempre são possuidores de meia verdade? A tua te aparenta
mais lógica. Não te parece que a plena verdade é um privilégio só seu? Pois
bem, se você pensa dessa forma trate de pensar em mudanças. Todos têm razão no
que falam, basta que entendamos a sua realidade. Muitas vezes as pessoas
blasfemam e nós as julgamos fora dos parâmetros, nunca sentimos a justa dimensão
de seus problemas. É preciso aprender a respeitar o ponto de vista dos outros,
a verdade não é propriedade somente nossa. Certa ocasião li um texto bastante
reflexivo que sintetizava exatamente o respeito que é preciso ter pelo ponto de
vista dos outros. Uma jovem senhorita comentava num depoimento de estudos em
grupo, entre pessoas da mesma idade, quando faziam reflexões sobre a forma que
cada um vivia seu mundo. Dizia ela que tinha um relacionamento muito difícil
com seu pai. Pouquíssimas vezes conversavam dadas as desnecessárias
discordâncias que tinham. Um belo dia surgiu uma feliz oportunidade de viajarem
juntos de carro e ela imaginou que seria essa uma ótima ocasião e um bom
momento de ficar mais próxima de seu pai. Durante a trajetória da viagem, seu
pai, que dirigia o veículo, comentou sobre a sujeira e degradação de um pequeno
riacho que paralelamente acompanhava a estrada dos dois lados. A jovem, na
ânsia de concordar com seu velho pai, olhou para o córrego a seu lado e viu
águas cristalinas, verdadeiro cenário para uma linda paisagem no quadro.
Naquele momento teve a absoluta certeza de que ela e o pai não tinham as mesmas
aptidões para enxergar a vida. Sem atropelar o silêncio seguiram viagem sem
mais uma única troca de palavras. Alguns anos depois a jovem já com as marcas
do tempo no rosto repetiu aquela viagem, mas desta vez acompanhada de uma das
maiores amigas, dessas que se tem o privilégio de escolher na vida. Estando
agora ao volante, surpreendeu-se ao observar que do lado de quem dirigia, o
riacho era realmente horrendo e poluído. Exatamente como seu pai lhe havia
comentado, contrariando o belo córrego do lado direito de quem ocupa o assento
do acompanhante. Uma tristeza profunda lhe abateu sobre seu peito por ela não
ter levado em consideração o comentário do seu progenitor que a esta altura já
não mais pertencia do seu convívio. Parece inacreditável, mas é isso que acontece
todos os dias. Só sentimos e só temos olhos para o que mostra a nossa janela,
nunca a janela do outro. O que vemos é o que tem valia, não importa que alguém
bem próximo esteja vendo coisa diferente. A mesma estrada, para uns é infinita,
para outros, termina logo ali. Para uns, o pedágio sai caro, para
outros nem se lembra do que pagou. Grande parte dos brasileiros acredita
que o país melhorou, enquanto que a outra perdeu totalmente a
esperança. Muitos aplaudem a tecnologia como um fator de evolução, outros
lamentam que a distância entre as pessoas a cada dia é mais fria e mais
distante. Alguns enxergam nossa cultura parada no tempo, enquanto outros aplaudem
uma diversidade absoluta. Cada um gruda o nariz para o lado que olha e só
enxerga sua própria paisagem. É preciso observar sempre que possível o ângulo
de visão do vizinho, embora isso possa nos confundir um pouco sobre as
nossas certezas, mas nos faz refletir melhor. Nem sempre a verdade caminha
conosco. Dependendo de onde estejamos a razão pode estar do nosso lado, mas poderá
deixar de ser nossa assim que trocarmos de lugar. A ninguém foi dada a possibilidade
de ver ao mesmo tempo e sozinho os 360 graus da vida. A sabedoria recomenda sempre
que é preciso ouvir primeiro para depois falar. Sejamos menos prepotentes nas
nossas falas e atitudes. Todos estarão certos e todos estarão errados dependendo
de onde se esteja e com quais olhos se analisa. É preciso olhar sempre pelos
dois lados da janela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário