domingo, maio 18, 2014

Forças estranhas

Os homens foram moldados à semelhança da perfeição, mas não tem sido fácil isso. Cada um de nós traz por dentro forças incríveis que nem mesmo os estudiosos conseguem entender e decifrar. Somos todos heróis, embora poucos fossem capazes de aproveitar a potencialidade que têm. Quando cremos temos fé, quando temos fé temos domínio e equilíbrio absoluto. Um dos atributos que nos faz ter essa virtualidade é a calma. Para conservá-la é preciso possuir o hábito de não dramatizar nada, nem mesmo tornar trágico as coisas simples por natureza. Sem esse controle ninguém poderá pretender o domínio das coisas e muito menos das pessoas. A isso a ciência denomina administração. A calma nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. A inquietação dos apóstolos quando os problemas de grande magnitude aconteciam, eram abafadas pelo olhar tranquilo e sereno do Mestre. Nem palavras precisavam ser ditas. Para se manter sereno é preciso aprender a ter competência e sabedoria. Uma pessoa intranquila jamais terá autoridade em situações de desequilíbrio. Aqueles que conseguem administrar seus limites jamais desperdiçarão de uma só vez todas suas energias, a ponto de não tê-las no exato momento do necessário. O autocontrole é uma técnica que amplia a liberdade de cada um. Se tivermos uma infinidade de coisas para fazer com um menor tempo para executá-las, administremos o tempo então, começando por fazer as coisas mais importantes e deixar que as de menor importância fiquem para depois. Não podemos de pronto aceitar a ideia de que não somos capazes, para que isso não se torne uma obsessão e cada vez mais nos tornarmos escravos dessa afirmativa, acabando por acreditar nesse falso estado de coisas. Não é fácil a nossa luta. Existe dentro de cada um de nós um zoológico de forças contrárias. Dois ferozes falcões que se lançam sobre tudo que aparece, não se importando se isso possa nos fazer bem ou mau. É preciso domá-los para que se fixem sobre coisas preciosas e de grande valia – são nossos olhos. Duas enormes águias com garras implacáveis e afiadas querendo a qualquer custo destroçar o que nelas tocam. Temos que treiná-las para que sejam úteis e nos ajudem todos os dias - são nossas mãos. Dois animados coelhos que teimam em adentrar onde lhes agrada, fugindo de toda e qualquer dificuldade. Temos de ensinar-lhes a permanecerem cadenciados e serenos – são nossos pés. Uma ferocíssima serpente, apesar de constantemente presa entre 32 barras de ferro, está sempre pronta a envenenar o semelhante, desferindo-lhe golpes, muitas vezes, de forma injusta – é a nossa língua.  Um equino de grande porte, obstinado e que não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar sempre cansado e se recusa a qualquer tipo de carga – nosso corpo. E por final, um mamífero carnívoro da família dos felídeos mais conhecido como leão, que sempre quer ser o rei, importante e vaidoso – nosso coração.  Precisamos de complacência para ter domínios absolutos desses animais, tornando-nos desejáveis e sensatos, humildes e benevolentes, dominadores dessas temíveis forças estranhas.

Professor Manuel Ruiz Filho


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