Os homens foram moldados à semelhança da perfeição,
mas não tem sido fácil isso. Cada um de nós traz por dentro forças incríveis
que nem mesmo os estudiosos conseguem entender e decifrar. Somos todos heróis,
embora poucos fossem capazes de aproveitar a potencialidade que têm. Quando
cremos temos fé, quando temos fé temos domínio e equilíbrio absoluto. Um dos
atributos que nos faz ter essa virtualidade é a calma. Para conservá-la é preciso
possuir o hábito de não dramatizar nada, nem mesmo tornar trágico as coisas
simples por natureza. Sem esse controle ninguém poderá pretender o domínio das
coisas e muito menos das pessoas. A isso a ciência denomina administração. A
calma nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. A inquietação dos apóstolos
quando os problemas de grande magnitude aconteciam, eram abafadas pelo olhar
tranquilo e sereno do Mestre. Nem palavras precisavam ser ditas. Para se manter
sereno é preciso aprender a ter competência e sabedoria. Uma pessoa intranquila
jamais terá autoridade em situações de desequilíbrio. Aqueles que conseguem administrar
seus limites jamais desperdiçarão de uma só vez todas suas energias, a ponto de
não tê-las no exato momento do necessário. O autocontrole é uma técnica que
amplia a liberdade de cada um. Se tivermos uma infinidade de coisas para fazer com
um menor tempo para executá-las, administremos o tempo então, começando por
fazer as coisas mais importantes e deixar que as de menor importância fiquem
para depois. Não podemos de pronto aceitar a ideia de que não somos capazes, para
que isso não se torne uma obsessão e cada vez mais nos tornarmos escravos dessa
afirmativa, acabando por acreditar nesse falso estado de coisas. Não é fácil a
nossa luta. Existe dentro de cada um de nós um zoológico de forças contrárias.
Dois ferozes falcões que se lançam sobre tudo que aparece, não se importando se
isso possa nos fazer bem ou mau. É preciso domá-los para que se fixem sobre
coisas preciosas e de grande valia – são nossos olhos. Duas enormes águias com
garras implacáveis e afiadas querendo a qualquer custo destroçar o que nelas
tocam. Temos que treiná-las para que sejam úteis e nos ajudem todos os dias -
são nossas mãos. Dois animados coelhos que teimam em adentrar onde lhes agrada,
fugindo de toda e qualquer dificuldade. Temos de ensinar-lhes a permanecerem cadenciados
e serenos – são nossos pés. Uma ferocíssima serpente, apesar de constantemente
presa entre 32 barras de ferro, está sempre pronta a envenenar o semelhante, desferindo-lhe
golpes, muitas vezes, de forma injusta – é a nossa língua. Um equino de grande porte, obstinado e que
não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar sempre cansado e se recusa a
qualquer tipo de carga – nosso corpo. E por final, um mamífero carnívoro da
família dos felídeos mais conhecido como leão, que sempre quer ser o rei,
importante e vaidoso – nosso coração. Precisamos
de complacência para ter domínios absolutos desses animais, tornando-nos
desejáveis e sensatos, humildes e benevolentes, dominadores dessas temíveis
forças estranhas.
Professor
Manuel Ruiz Filho
Nenhum comentário:
Postar um comentário