No outdoor colorido da esquina da praça
uma mensagem interessante: Oferta de emprego. O candidato ou a candidata
deveria trabalhar durante vinte e quatro horas de pé, podendo a cada três ou
quatro horas, sentar-se por quinze minutos, no máximo. Nos dias de pico de
trabalho, não haverá intervalos de descanso. Nos horários de refeição a
candidata só poderia comer se, ao mesmo tempo fosse orientando os demais a sua
volta, principalmente aqueles que ainda não dominam os talheres. A mobilidade
que deve possuir é descomunal. Seu conhecimento exige informações da área da
medicina, das áreas financeira e econômica. Seus comandados necessitam de
ajudas praticamente o dia todo. Durante grande parte de sua vida, deverá ficar
acordada por muitas noites, preparando alimentos ou simplesmente cuidando de
pessoas. Não lhe será dado o direito de recusar a nada, mesmo que isso não seja
sua filosofia de vida. Deverá aceitar malcriações, grosserias, insultos e até
mesmo xingamentos. Não deverá revidar em nenhuma hipótese. Após noites mal
dormidas deverá levantar-se e realizar os afazeres diários. Também, todo dia
deverá preocupar-se com o comportamento e o aproveitamento escolar dos menores
de idade, conhecendo um pouco de matemática, história e geografia. Todas as
vezes que fosse questionada não poderia deixar de ser carinhosa e benevolente. Seu
trabalho diurno deverá ser terminado dentro de suas vinte e quatro horas, não
podendo ser transferido para o dia seguinte, mesmo que para isso tenha que
extrapolar a potencialidade dos músculos. Nas festas de fim de ano ou em dias
de feriados seu trabalho poderá ser dobrado e os intervalos de descanso não
poderão ser utilizados. Muitas vezes ficará exposta nos ambientes de labor a
temperaturas insuportáveis, mas isso jamais será motivo de reclamações
trabalhistas. Que isso fique bem claro. Ah.. O tempo para dormir será sempre
muito curto porque o trabalho com os subordinados é quase interminável. Férias
e décimo terceiro? Nem pensar. Isso é coisa de desocupados, de mesquinhez
profissional e por que não dizer vagabundice? Bem, na parte de baixo do outdoor
estava escrito em letras grandes e destacáveis: salário – nenhum centavo. Um
indignado bebum passando pelo local, escreveu: “Para enfrentar isso só se for a
mãe.” Pois é isso mesmo, só as mães têm a nobreza de enfrentar tudo isso todos
os dias com o salário do nada. Nossas homenagens a todas elas que todos os dias
realizam essa difícil jornada sabendo que vale a pena realizá-las pela
felicidade de seus filhos. Obrigado minha mãe por ter feito tudo isso. Peço-te
desculpas porque nosso tempo foi curto para eu poder agradecê-la pelo seu
sacrifício.
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