segunda-feira, dezembro 02, 2013

A palavra certa

O vocábulo “não”, advérbio, significa uma negativa. Quem diz não, manifesta sua vontade a quem o ouve sobre o não querer alguma coisa ou não estar disposto a aceitar alguma condição. Vezes sim, vezes não, esse monossilábico nos alegra muito pela certeza que temos de não aceitarmos o que não queremos e nem por isso nos deixa de entristecer por algumas vezes. O som dessa palavra é muito parecido nos mais diversos idiomas. Com certeza, é um vocábulo milenar que traduz a mesma vontade. É uma palavra forte que às vezes nos leva a lágrimas, mesmo quando nem precisamos pronunciá-la, basta que balancemos a cabeça em sentidos laterais. A sua pronúncia expõe questões que nos faz refletir as múltiplas faces da palavra, atributo humano por excelência e recurso que se aprende e se aprimora ao longo da vida. Observe o texto bíblico: “A caridade não tem inveja e não é orgulhosa. Não é arrogante. Não é escandalosa. Não busca os seus próprios interesses. Não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça”. Esse texto explicita uma das mil faces do vocábulo “não”. Percebe você que as afirmações desse ‘não’ nunca ultrapassa os limites do inconveniente contrariando o sim que milenarmente tem a função do desejável e do melhor. Em algumas ocasiões a palavra ‘não’ acaba por ficar contida na garganta por determinado tempo e com ela sufocamos a ternura, a paciência, o riso e o encanto. Durante nossas vidas, por infindas oportunidades acabamos por pronunciá-la demasiadamente, dia após dia, quase todas as horas, não imaginando seus reflexos e seus desagravos com quem nos ouve. Dificilmente levamos em conta que o sim em lugar do não poderia ser motivo da aproximação de um novo amigo. Vez por outra, recusamos. A palavra, seja qual for, precisa ter valor. Não, não significa um simples conjunto de sons ou caracteres. Toda palavra dita precisa traduzir sentimentos positivistas que agrade aos outros, por isso é preciso refletir muito quando se fala aquilo que está preso na garganta esperando o momento certo de sair. Todos nós possuímos assim uma palavra escondida. A minha palavra guardada é o “sim”, mas confesso que numa ocasião eu disse “não” quando eu poderia ter dito sim. Uma pessoa que durante uma relação de trabalho me disse ‘não’ quando deveria ter dito ‘sim’, me magoou muito. Esperei o tempo passar para que eu pudesse refletir os fatos. O tempo passou e a oportunidade chegou. Num encontro casual do cotidiano, quando essa pessoa me viu, perguntou: - posso falar com você? Com certeza queria justificar o injustificável. Eu disse ‘não’, devolvendo-lhe o presente guardado na garganta a sete chaves. Não me contive, era o momento exato de devolver-lhe a mesma palavra, embora o meu coração me pedisse “sim”. Seja qual momento for, quando chega a hora exata, a palavra antes não dita, se torna a palavra certa.

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